Vila Verde: Estação de Camionagem sem rampas para deficientes (via Terras do Homem)



A Estação de Camionagem de Vila Verde não dispõe de condições de acesso adequadas para cidadãos de mobilidade reduzida. António Fontes, natural de da Portela do Vade e sócio da Associação Portuguesa de Deficientes, queixa-se da inexistência de rampas de acesso ao cais de embarque da referida estação. Diz que se trata de um problema com mais de três anos.

De acordo com António Fontes, “a AVIC tem, inclusive, um autocarro com o mecanismo necessário para o transporte de um passageiro que se faça deslocar numa cadeira de rodas”, no entanto, quando chegados à Estação de Camionagem “as pessoas deparam-se com a inexistência de rampas” para acesso ao cais de embarque. Com a mãe internada num Lar de Vila Verde, António Fontes – agora a residir em Braga – tem necessidade de deslocação constante ao concelho, para visitar os familiares mais próximos.

Perante esta constatação, António Fontes, que era ajudado pelos motoristas da empresa de transportes a embarcar e desembarcar, há já três anos que resolveu fazer uma participação no chamado “livro de reclamações” da Câmara Municipal de Vila Verde. Mas, na resposta, assinada por um técnico municipal, em Agosto de 2007, garantia-se que “a parte lateral do lado nascente daquela infra-estrutura permite o acesso ao edifício sem qualquer dificuldade, dado que se encontra ao nível do passeio exterior”. Face ao exposto, Fontes reconfirmou 'in locco' a denúncia e chamou a GNR, que fez um relatório a comprovar que não existe qualquer acesso à rua para deficientes.

António Fontes adianta que, com base na legislação – nomeadamente o decreto de lei nº 163/2006, de 8 de Agosto – que torna obrigatória a existência de rampas para acesso a deficientes nos equipamentos públicos, já apresentou uma queixa no Tribunal “para que se pusesse termo a esta situação”, mas ainda não terá obtido uma resposta afirmativa ao seu pedido. “Às vezes tenho que sair ao pé da Igreja e percorrer quase um quilómetro na cadeira de rodas”, lamenta o queixoso.

António Fontes queixa-se ainda que “as casas de banho da estação – e públicas – se mantenha fechadas ao domingo e aos sábados em que não há feira de Vila Verde, assim como todo o edifício”.

Outras situações

Mas esta não é a única situação a criar embaraço aos deficientes, em Vila Verde. De acordo Isabel Simões, que se desloca numa cadeira de rodas elétrica, garante que já fez "uma exposição à Câmara Municipal a dar conta de várias situações". Adianta, entretanto, que já se encontrou com responsáveis municipais, aguardando que os problemas sejam resolvidos.

Como exemplos, aponta o caso do Centro de Saúde, onde "não existe estacionamento específico para um veículo adaptado para deficientes, mas existe para táxis”.

Queixa-se ainda, que haja “condutores que estacionam os carros em frente às rampas de acesso para deficientes”, no Centro de Saúde de Vila Verde.

“Por outro lado, na Junta de Freguesia tem um lugar, mas sem condições para uma pessoa deficiente sair”, apontou.

Isabel Simões queixa-se ainda do “transtorno e das dores que causam as passadeiras com paralelo desnivelado e irregular”, onde já partiu uma roda da cadeira. A ausência de rampas no Laboratório Hilário Lima e os dois lugares de estacionamento “apertados” que existem para deficientes junto ao BPI, são outras das denúncias feitas.


Câmara no terreno para resolver problemas de mobilidade

A Câmara de Vila Verde mostra-se determinada a resolver as os problemas de mobilidade urbana. O vereador do Urbanismo, Zamith Rosas, garantiu que a falta de rampas na estação de camionagem está já "na iminência de ser resolvida”. Adianta ainda que a autarquia está a trabalhar para procurar resolver outras situações.

O vereador revelou que reuniu recentemente com a senhora de mobilidade reduzida, Isabel Simões, que se deslocou à estação de camionagem com um engenheiro municipal para avaliar a situação no local e resolver o problema da forma mais adequada.

Entretanto, Zamith Rosas valorizou a colaboração de Isabel Simões para a identificação de "outras situações que criem embaraços a quem se desloca numa cadeira de rodas, para que se possa fazer uma intervenção generalizada, em diversos pontos da Vila”.

O autarca revela que há já um ano foi também solicitada a colaboração da Misericórdia, para que, no âmbito dos passeios ao exterior que realiza com idosos em cadeiras de rodas, pudesse enviasse um resumo dos pontos mais problemáticos. A autarquia espera receber esses contributos - assim como o de Isabel Simões - para "avançar com uma ação mais alargada para correção dessas deficiências, nos acessos aos espaços públicos e nas passadeiras”, desvendou o vereador do Urbanismo.

Zamith Rosas adianta, ainda, que a autarquia tem em mãos um projeto para ser avaliado pela Associação Portuguesa de Planeadores do Território, que atribui as bandeiras da mobilidade, a nível nacional, para saber se haverá melhoramentos a fazer, daí em diante, “uma vez se trata de uma instituição com experiência nessa área”.

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