
A direcção da União de Sindicatos de Braga (USB) antevê um aumento do desemprego no distrito, nos meses de Setembro e Outubro. Na análise aos dados do Instituto de Emprego e Formação Profissional (IEFP) e do Instituto Nacional de Estatística (INE) relativos ao mês de Agosto, o coordenador da USB, Adão Mendes, regista que, pela primeira vez, o mercado de emprego não beneficiou do efeito de sazonalidade.
O distrito de Braga tinha, no final de Agosto mais de 60 mil desempregados, segundo o INE, ou 53 123, pelas contas do IEFP, mais do que no mês de Julho. Tradicionalmente, o desemprego decresce nos meses de Verão, beneficiando da contratação sazonal em sectores como a hotelaria e restauração.
Neste quadro de “desemprego e exclusão social”, os dirigentes da USB esperam mobilizar mais de cinco mil trabalhadores do distrito para a manifestação que a central sindical CGTP-IN organiza sábado, dia 1 de Outubro, no Porto, contra as propostas do governo em material de legislação laboral e apoios sociais.
Segundo a USB, quase 52 mil desempregados do distrito de Braga são de longa duração e 37 por cento têm menos do que o 4º ano de escolaridade
Ontem, em conferência de imprensa, o sindicalista Adão Mendes, admitiu “a possibilidade de concertação social” a nível do distrito, nomeadamente para a revisão do salário mínimo nacional.
Os sindicatos da CGTP-IN insistem na necessidade de subir o salário mínimo nacional para 500 euros ainda este ano, ainda mais num distrito em que milhares de trabalhadores auferem esta remuneração mínima.
Adão Mendes revelou ontem que “há entidades patronais do distrito disponíveis para negociar o salário mínimo” em associação ao aumento do horário de trabalho. O líder sindical admite que esta é uma matéria para discussão.
A direcção da USB denunciou, entretanto, a dispensa de centenas de trabalhadores das empresas Orfama, Riopele, Somelos e Têxtil Manuel Gonçalves, posteriormente readmitidos para as mesmas funçõ es com contratos a termo, através de empresas de trabalho temporário.
Sindicatos denunciam engajadores de ‘escravos’
O coordenador da União dos Sindicatos de Braga (USB), Adão Mendes, denunciou ontem a existência de esquemas de trabalho escravo no distrito de Braga, apontando “engajadores que alugam trabalhadores a empresas, como se fossem animais”.
O sindicalista denunciou pelo menos três “engajadores” que actuam nos concelhos de de Barcelos e Vila Verde.
“Traficam os trabalhadores como escravos, mantendo-os isolados e longe da família durante uma ou várias semanas” em trabalhos de limpeza de bermas de estradas e vias férreas nas zonas centro e sul.
Segundo Adão Mendes, as vítimas desta exploração de mão-de-obra “são pessoas humildes e limitadas na sua capacidade de perceber as coisas”.
A Autoridade para as Condições de Trabalho vai receber a denúncia, já que os trabalhadores em causa são ‘contratadas’ sem qualquer recibo ou documento que ateste o seu vínculo laboral e que “são literalmente alugadas a quem delas precisar, seja em que ponto do país for”, afirmou.
O sindicalista precisou que os trabalhadores, angariados em freguesias rurais dos concelhos de Barcelos e Vila Verde, são levados em carrinhas, à segunda-feira, dormem todos na mesma casa e à sexta-feira são transportados de regresso a casa.
As remunerações semanais rondam os 100 ou 150 euros, às vezes menos, “consoante a disposição do patrão”.
O coordenador revelou que um grupo de trabalhadores foi levado para Caldas da Rainha, para trabalhos de limpeza na linha de caminho de ferro.
“Mas também vão limpar ruas de freguesias, vilas e cidades, em tarefas contratualizadas pelos engajadores com as autarquias”, garantiu aos jornalistas.
A denúncia destes alegados abusos laborais chegou à sede da USB através de familiares de alguns dos trabalhadores envolvidos.
Fonte Correio do Minho por José Paulo Silva
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