
A vida do Bruno mudou, completamente, aos sete anos. Uma paragem cardíaca motivada por uma sepsia levou-o ao estado vegetativo. A família de Vila Verde sofreu um trambolhão tão grande, que hoje, quatro anos depois, ainda não está totalmente refeita. Os primeiros tempos de Bruno foram dedicados à fisioterapia. Mas as despesas que inicialmente tinham sido assumidas pelo Estado começaram a escassear "comecei a pagar 10% do valor mas depois as regras foram mudando e cheguei a uma altura que era eu que arcava com a maior parte da despesa". Com pouca coisa direccionada para este tipo de crianças, a mãe renasceu, quando, através da escola, descobriu o projecto "Com a cabeça, mãos e pés".
Desenvolvido na piscina de Vila Verde pelo professor Rafael Lima, o projecto abrange oito crianças integradas nos jardins-de-infância e escolas do primeiro ciclo do agrupamento escolar da vila, todas elas "especiais". Na água, os miúdos são alvo de processos de aprendizagem motora "baseados na valorização da psicomotricidade com estimulação das capacidades, construção e aperfeiçoamentos das respectivas aptidões", explica o professor.
Cada sessão tem a duração de 60 minutos e decorre em três dias da semana "tentamos que todos eles venham, pelo menos, uma vez por semana aqui à piscina". Sem custos adicionais, "uma vez que o monitor faz parte dos quadros da piscina e as crianças estão referenciadas pelas escolas", Rafael Lima sonha em alargar o projecto a todo o concelho: "para que isso aconteça era necessário contratar pelos menos mais duas pessoas com formação em psicomotricidade".
Os pais ficam encarregues de transportar os filhos até à piscina. Na água, todas as crianças, e para além do professor, têm a acompanhá-las uma outra pessoa. No caso do Bruno é o avô que aproveita também para tirar partido dos exercícios ministrados ao neto. A mãe não pode estar mais satisfeita "isto pode parecer graxa mas acredite que desde Setembro eu vejo melhorias no meu filho. Ele tem mais equilíbrio na cabeça, está mais presente, mais sociável. As outras pessoas dizem o mesmo". Por isso, "ele vem com gosto porque sente que lhe faz bem e eu espero, sinceramente, que este projecto não acabe e que mais crianças possam usufruir dele porque vai ser bom para elas. Fonte JN por Pedro Antunes Pereira e Alfredo Cunha
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