Vila Verde voltou a recuar 500 anos para homenagear o Poeta do Neiva. A 4ª edição de Sá de Miranda por Terras de Vila Verde, organizada pelo Município, com a estreita colaboração dos agrupamentos escolares locais, foi marcada pela Ceia de Corte (17), um Sarau Cultural (18), e um domingo chuvoso que quase impediu a realização da Feira Quinhentista, do Cortejo Histórico e da Justa de Armas, entre outras atividades, que destacaram este dia e os anteriores. Esta é uma festa popular que antecipa o clima de Santo António, com grande envolvência da população. Os vilaverdenses conhecem cada vez mais o nome e a obra de Francisco Sá de Miranda.
com www.fpxtcom.com
De 17 a 19 de maio Vila Verde voltou a recuar 500 anos, com uma programação que pretendeu recordar a vida e obra de Francisco Sá de Miranda, conhecido também como o poeta do Neiva, um dos nomes maiores da literatura renascentista.
A programação contou com uma semana inteira dinamizada nas escolas do concelho, incluindo as ‘graúdas’ como a Escola Secundária de Vila Verde e a Profissional Amar Terra Verde, para dar a conhecer a vida, obra e a época histórica do poeta do Neiva, com uma série de distintas iniciativas.
As atividades mais relevantes, de partilha com a população, foram guardadas para o fim de semana, que arrancou com a Ceia de Corte, realizada num dos equipamentos municipais sitos no Parque Industrial de Gême, na noite de sexta.
Com animação do grupo de teatro Polifiguras, que guiou os convivas trajados à época, nesta viagem no tempo, o serão contou com a declamação de sonetos de Sá de Miranda (pelo próprio!), danças palacianas (Agrupamentos de Escolas de Moure e Ribeira do Neiva), acompanhadas pelas cordas e vozes da Orquestra da Casa do Povo de Ribeira do Neiva. As taberneiras e os Bobos (Escola Secundária de Vila Verde) deram cor e encheram de carisma quinhentista uma noite, cuja ementa foi marcada por sabores rústicos: caldo de hortaliças, feijoada, porco no espeto, coxinhas de frango assaas e à sobremesa, torta de laranja e Pera ‘borracha’.
No sábado saíram às ruas o grupo Sons da Suévia, protagonistas num fim de semana de época, para dar arranque à Feira Quinhentista, que teve lugar a 18 e 19 de maio, em pleno centro da sede do concelho, entre as Praças de Sto. António e a da República, perfeitamente engalanadas com bandeiras e tendas de festa renascentista. Uma arruada e algumas rábulas teatrais, protagonizadas pelo próprio Sá de Miranda e algumas personagens de época, ambientaram a população para o que aí vinha…
De noite, foi a vez de as escolas assumirem, num Sarau Cultural que aconteceu na Escola Profissional Amar Terra Verde, a recriação de parte da obra e da época em que viveu o poeta do Neiva, com performances de professores e alunos dos agrupamentos escolares de Vila Verde, Moure, Ribeira do Neiva e da Escola Secundária e Profissional Amar Terra Verde.
Chuva não impediu ‘reviver’ o poeta do Neiva
A Chuva de domingo fez temer a não concretização do dia maior de partilha com a população da época em que viveu Sá de Miranda no concelho. Após uma violenta queda de água, que condicionou parte da Feira Quinhentista, a meteorologia deu tréguas e permitiu à população sair à rua e assistir ao Cortejo Histórico, num itinerário mais curto pelas principais artérias da sede do concelho. O cortejo foi protagonizado por personagens de época retratados pelos professores e alunos dos estabelecimentos de ensino locais.
Os Sons da Suévia foram, novamente, a banda sonora de luxo de uma tarde em que foram recriadas, as danças palacianas envolvendo toda a população, na Praça de Santo António e rábulas históricas em que Sá de Miranda contracenou com outras personagens marcantes de época como um leproso pedinte, cavaleiros e mesmo bobos, numa performance dos atores do grupo Polifiguras.
A ação seguiu com um Torneio de Armas, realizado no espaço exterior da Adega Cultural, antecedida por uma arruada liderada pelos Sons da Suévia, pelos cavaleiros montados em cavalo que seriam antagonistas nos ogos e restantes personagens históricas e população local.
Do torneio marcado jogos, duelos a cavalo e a espada e muito humor, resultou vencedor o cavaleiro vindo de Terras de Vila Verde, contra o de Braga, ficando com a belíssima donzela Sara, uma voluntária escolhida entre o público.
O final das atividades previstas para este derradeiro dia do IV Sá de Miranda Por Terras de Vila Verde foi antecedido pela ameaça da instabilidade meteorológica, de um evento cada vez mais amado pela população local.
Francisco Sá de Miranda, o poeta
Nascido em Coimbra, c. 1486 e falecido na Quinta da Tapada em Fiscal (Amares) ou em Duas Igrejas (Vila Verde), em 1558, Francisco Sá de Miranda é um dos maiores poetas portugueses. Carácter íntegro e cidadão exemplar, suscitou a admiração das sucessivas gerações, ao longo dos séculos, pela sua obra literária, particularmente a poética que mereceu múltiplas reedições. Tendo abandonado a corte no tempo do seu amigo, protetor e admirador D. João III, refugiou-se em terras do Minho por volta de 1530. Nos primeiros anos viveu na casa da Torre, na freguesia de Arcozelo (Vila Verde), herdada por D. Briolanja de Azevedo, sua esposa. Cerca de três anos depois, foi residir na Casa da Comenda em Duas Igrejas (Vila Verde), da Ordem de Cristo, doada pelo rei seu amigo D. João III, aí criou os seus filhos na doce companhia de sua esposa. unto às margens do rio Neiva, inspirado pelas suas águas cristalinas, pelas paisagens verdejantes dos montes e vales, viveu os anos mais felizes da sua vida e escreveu, ao longo de mais de vinte anos, grande parte da sua obra literária. Em 1552, mudou-se para a sua quinta no concelho de Amares, onde viveu até 1557, data do seu falecimento.
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