Portugal: Escolas de línguas faturam com desempregados e novos emigrantes (via DinheiroVivo)




No primeiro trimestre de 2012, o Instituto Espanhol de Línguas, em Lisboa, tem o mesmo número de inscrições que conseguiu em todo o ano de 2010: 1862 pessoas. O aumento da procura dos cursos de castelhano tem refletido o crescimento do interesse de novos alunos em aprenderem a língua. A tendência mostra não só que o número de alunos por turma está a aumentar como que o perfil de cada estudante é diferente: cada vez mais desempregados querem aprender a quarta língua mais falada no mundo, usada por mais de 329 milhões de nativos e segunda língua de cerca de 110 milhões de pessoas.
"A maioria vem aprender espanhol para aumentar as competências linguísticas e complementar o currículo. São sobretudo desempregados que, no decorrer do curso, têm a necessidade de mudar de horário porque conseguem entretanto encontrar trabalho", diz Ana Landeiro, do Instituto Espanhol. A oferta é enorme: à parte dos cursos semestrais, o Instituto tem cursos semi-intensivos, intensivos (durante o verão), especiais para empresas e também para crianças. Em 2010, havia 1862 alunos inscritos; em 2011, o número aumentou para 2914 inscrições.
"Há uma mudança significativa nos motivos da procura: há cada vez mais pessoas a procurar-nos porque querem emigrar para Espanha", afirma Emilio Rubio, diretor do Centro de Estudos de Espanhol, com escolas no Porto, em Braga e Coimbra. Nas três, o aumento do número de alunos foi de cerca de 15% no último ano, sobretudo para o nível iniciado (A.1 e A.2, de acordo com o Quadro Comum Europeu de Referência para as Línguas).
Mas a procura não se resume ao espanhol. O Instituto Goethe do Porto, que oferece cursos de alemão (400€/semestre, em média), registou nos últimos dois anos um aumento entre 20% e 30% da procura. Os alunos deixaram de ser pessoas na casa dos 30 anos; agora, são os recém-licenciados (entre os 23 e os 27 anos) que começam a procurar aprender alemão mais cedo. Além de serem em maior número, os alunos procuram aprender mais do que o nível básico. Se há dois anos os níveis A.1 e A.2 (iniciação) eram os que tinham mais inscrições, agora os alunos inscrevem-se no nível B.2 (intermédio), exigido pelas empresas alemãs a trabalhadores de áreas especializadas, como o sector da Saúde, de forma a serem admitidos nos quadros.
No British Council o número de estudantes também aumentou. O instituto especializado em cursos de inglês não avança números mas assegura que, nos últimos anos, o número de alunos aumentou, sobretudo pela aposta dos novos alunos em aumentar o nível das línguas faladas e escritas nos currículos. A procura de cursos de inglês em Inglaterra (que podem ir de duas semanas a 11 meses) também aumentou cerca de 25% no último ano, de acordo com dados da Education First, em Lisboa. Os cursos custam cerca de mil euros.
Espanhol, inglês e alemão são as línguas mais procuradas pelos portugueses, de acordo com a informação recolhida junto dos institutos. No entanto, a tendência não atinge todas as línguas. O Instituto Italiano de Cultura de Lisboa registou uma diminuição de aproximadamente 5% no número de inscrições.

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