Vila Verde: José Manuel Fernandes: 'A ASAE se fosse a Bruxelas fechava aqueles restaurantes todos!”



“A ASAE se fosse a Bruxelas fechava aqueles restaurantes todos!”, afirmou ontem em Vila Verde o eurodeputado José Manuel Fernandes, no decorrer de um almoço / conferência que teve lugar na Escola Profissional Amar Terra Verde. O parlamentar europeu justificou o exagero com o que considera ser um problema de “transposição excessiva” de algumas normas.
Para José Manuel Fernandes, que produziu uma intervenção centrada nas políticas da União Europeia para a alimentação, o objectivo principal da UE em matéria alimentar é atingir uma elevada segurança dos alimentos.
O debate, que decorre em instâncias comunitárias, no sentido de fixar directivas europeias, com a ênfase na segurança alimentar, coloca em causa as produções tradicionais.
Ouviram-se vozes a sugerir desigualdade de tratamento, lembrando que na região de Bordéus, em França, qualquer consumidor pode comprar vinho sem rótulo.
O deputado — cuja intervenção no parlamento europeu a defender os produtos regionais ficou famosa com a sua difusão no youtube —, ontem voltou a sustentar que numa Europa de 500 milhões de habitantes, onde os alimentos podem circular livremente, as leis europeias “não podem perturbar a produção local e regional”.
Apesar de a segurança dos alimentos se inserir num quadro europeu comum, a diversidade também é contemplada, realçou, sustentando que a UE promove a diversidade e a qualidade , protegendo os produtos tradicionais e as especialidades locais provenientes de certas regiões ou produzidos segundo métodos próprios contra imitações desleais.

Sampaio recusa batatas do Chile em cozido à portuguesa

É neste contexto que se enquadram as intervenções de Alexandre Rebelo, da Minhorigem — Associação Agroecológica do Minho, que está a desenvolver um projecto para apoiar e aconselhar produtores que queiram certificar produtos biológicos, como o “pica no chão” ontem servido por alunos na Escola Profissional e de Francisco Sampaio, o antigo presidente da Região de Turismo do Alto Minho. Este radicalizou o discurso ao preconizar que o cozido à portuguesa só pode ser cozinhado com genuínos produtos p ortugueses e recusando, por exemplo, a sua confecção com batatas do Chile.
Aquele especialista em questões de turismo e de gastronomia definiu para o arroz de pica no chão o percurso a prosseguir pelo frango caseiro, desde a eclosão do ovo até à confecção, destacando a aparência final, o aroma, a textura e o receituário.

Minhorigem disponível para levar frango ao ‘Guiness’

Alexandre Rebelo, que interveio em nome da Minhorigem, elogiou os esforços que em Vila Verde têm vindo a ser desenvolvidos pela Câmara Municipal no sentido da se afirmar este território como “capital do pica no chão” e colocou a associação ao dispôr para uma eventual iniciativa que entenda promover, para registo no Guinesse Book, como a maior concentração de frangos caseiros ou o maior arroz
O dirigente associativo, em declarações ao Correio do Minho, disse ter em fase adiantada um projecto de regulação da criação de frangos caseiros, com vista a divulgar e levar os produtores a harmonizar as respectivas regras.
Os discursos ocorreram após a degustação daquele prato regional, com excepção da intervenção do presidente da Câmara de Vila Verde, António Vilela, que usou da palavra ainda antes de a refeição ser servida.
O autarca apelou à criatividade, lembrando que a par da paisagem e do património também a gastronomia constitui factor de atracção de turistas.
Amílcar Malhó, o jornalista especializado em gastronomia que moderou a sessão, lembrando que esta é uma causa seguida por muitos outros concelhos, cada um a apostar nos seus produtos, como o leitão ou o porco preto e citou o amarense Chefe Silva: “com bons produtos, já vi fazer má comida. Com maus produtos nunca vi ninguém fazer bons pratos”.
O vice-presidente da Câmara de Amares, Emanuel Magalhães, o presidente da Assembleia Municipal de Vila Verde, João Lobo, autarcas de freguesias, professores, profissionais e dirigentes associativos tiveram oportunidade de colocar questões, em alguns casos com registo do eurodeputado José Manuel Fernandes. À participação de todos apelou o anfitrião, Manuel Barros, presidente do Conselho de Administração da empresa municipal Proviver. Fonte Correio do Minho por Rui Serapicos

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