Atães: População bloqueia acesso a capela


Cerca de uma centena de populares impediu ontem, a realização de actos religiosos na nova capela de Santo Amaro, em Atães, concelho de Vila Verde.


A população recorreu ao uso de máquinas e camiões para impedir o acesso, num acto que teve o apoio da Comissão Fabriqueira (CF). “Achamos que não estão reunidas todas as condições para a inauguração da capela. Não tem bancos e não tem santos”, disse ao Correio do Minho (CM) um membro da CF.

Ainda assim, o pároco manteve a decisão de inaugurar ontem a nova capela, mas não conseguiu.
No sábado à noite, a procissão em honra de Santo Amaro chegou a saír da igreja paroquial em direcção à nova capela, mas teve de voltar para trás.
“Fomos com os andores e tivemos de voltar para trás porque não nos abriram a porta”, disse ao CM uma moradora de Atães, que acusou alguns elementos da CF presentes ontem de manhã à porta da igreja paroquial de estarem“a dividir a freguesia.”

Abaixo-assinado

Na origem do diferendo estará um eventual abaixo assinado que circulou na freguesia, e onde é dado a conhecer alguns actos alegadamente cometidos pelo pároco.
“O abaixo assinado fala do padre ter crianças com 10 anos a dar a Catequese, das reuniões de escuteiros e grupos paroquiais em que ele não participa e de haver missas aos domingos de 15 em 15 dias”, disse o membro da CF.

A população diz que o documento era para mandar o padre embora “o abaixo-assinado que mandaram a minha casa era para mandar o padre embora. Não dizia nada nas missas”, argumentou um outro morador da freguesia. A autoria do documento foi atribuída a um membro da direcção da CF.

“O senhor padre queria que esse membro pedisse desculpa pelo abaixo-assinado. Só que não foi ele que o escreveu. Antes da reunião da CF, o senhor padre chamou esse membro e disse-lhe se não tinha que lhe pedir desculpa. O membro disse que não foi ele, e o senhor padre disse-lhe que não pregava nem mais um prego na comissão& rdquo;, disse o mesmo membro da CF.

Por solidariedade os restantes membros demitiram-se das funções, facto que, segundo a CF, impediria a inauguração da capela. Mesmo assim o padre foi avante com os convites para a inauguração, o que levou a população a colocar as máquinas à porta.
A GNR foi chamada ao local, mas não chegou a intervir.
O padre Filipe recusou fazer comentários alegando que tinha de celebrar a Missa.

Mensagem enviada “era anónima”

A situação vivida em Atães foi comunicada, recentemente, ao Arcebispo de Braga.
Num encontro com a Comissão Fabriqueira (CF), “o senhor Arcebispo achou lamentável toda esta situação. Só nos disse que recebeu um email (mensagem de correio electrónico) sem referências ao membro da CF que dizem ter feito o abaixo-assinado”, adiantou um membro da CF, que fez questão de salientar que “nunca pedimos a saída do senhor padre. Apenas denunciamos algumas situações que deviam ser do conhecimento da Arquidiocese”.

O CM tentou, durante a tarde de ontem, falar com o Arcebispo de Braga, D. Jorge Ortiga, mas tal não foi possível por o mesmo se encontrar em serviço pastoral.
A CF alega também, ter contactado o arcipreste de Vila Verde, que terá dito “para o padre Filipe não realizar agora a inauguração, mas o padre não acatou os conselhos”.
O CM tentou, também durante o dia de ontem, falar, via telefone com o arcipreste de Vila Verde, padre António Rodrigues, mas não obteve qualquer resposta em tempo útil.

Falta de diálogo

Além das questões relacionadas com a inauguração da capela de Santo Amaro, a CF acusa o pároco de Atães de falta de diálogo.
“Estamos sempre a pedir diálogo com o senhor padre, mas isso nunca aconteceu. Este padre nunca fez nada por esta paróquia e por esta freguesia”, disse a CF.
Apesar da insistência do CM, o padre Filipe manteve sempre a recusa em falar sobre a situação remetendo o caso para a Arquidiocese de Braga. Fonte Correio do Minho por Miguel Viana

0 comentários: