Vila Verde: Candidato do CDS afirma que “O endividamento louco da autarquia deve ser combatido pela redução da despesa”



Sérgio Alves, candidato do CDS à Câmara Municipal de Vila Verde, quer reduzir e acabar com grande parte das taxas autárquicas.

Actualmente a exercer funções no Banco Espírito Santo, em Braga, Sérgio Alves afirma-se como um “independente” que resolveu participar numa candidatura que entende ser “a melhor para o concelho de Vila Verde”. Em entrevista ao Terras do Homem, classifica a redução do endividamento autárquico como um dos grandes objectivos, apontando o combate da despesa e a atracção de investimento como as principais soluções.


TH: Que razões o levaram a assumir esta candidatura à Câmara de Vila Verde?
SA: Antes de mais, eu não assumo a candidatura do CDS/PP, eu participo activamente na candidatura do CDS/PP à Câmara Municipal de Vila Verde, em conjunto com as pessoas que se envolvem neste projecto que eu, sendo independente – e toda a gente sabe que eu sou independente –, encarei como o melhor para Vila Verde.

TH: Como encara o processo da substituição do anterior candidato do CDS/PP à Câmara de Vila Verde?
SA: Essa é uma questão a ser colocada à estrutura do partido. Só a estrutura do partido poderá responder.

TH: O nome de António Cerqueira é uma mais valia para esta candidatura?
SA: É claro que a presença do António Cerqueira é uma mais valia para nós. Assim como é uma mais valia a presença do Sérgio Alves, do Daniel Cerqueira, da Maria Amorim e de todos os outros. Todos os nomes componentes da candidatura são mais valias, senão não fazia sentido estarem nas listas, nem eu aceitaria trabalhar com essas pessoas.

TH: Que medidas considera serem de maior urgência a sua implementação no concelho de Vila Verde?
SA: Antes de mais, é necessário saber-se com toda a certeza o real passivo da autarquia. Houve quem dissesse ter o concelho no coração e que partiu para outros projectos. Se calhar por saberem que as coisas não estão assim tão bem por cá. Eu penso que o passivo, actualmente, deva rondar os 100 milhões de euros, o que representa um problema grave, que tem que ser resolvido.
Por exemplo, tem-se feito obra no concelho. Mas, coincidentemente, toda a obra realizada termina quase na mesma altura e toda ela foi inaugurada no mesmo momento. Será que estás obras têm sido pagas ou vão ser pagas? Eu acredito que são obras que vão, de forma indirecta, engrossar o passivo.
O mais urgente é, por isso, apurar qual é o passivo real. Apurar e anunciá-lo publicamente, para que as pessoas saibam do ponto da situação actual. A partir daqui, o esforço deverá centrar-se na consolidação do mesmo e arranjar forma de o reduzir e, claro está, isso vai evidenciar o futuro próximo.

TH: Mas, tendo em conta essa situação, quais deverão ser as áreas prioritárias de actuação?
SA: Independentemente disso, há três ou quatro coisas que devem ser feitas urgentemente. Primeiro, se o Plano Director Municipal está concluído, como muitos dizem, porque é que não está activo. Eu penso que alguém tem algo a esconder. Acho que o PDM, independentemente de estar bem ou mal construído, tem que estar activo, tem que ser visível. No nosso caso, garantimos que, três meses após as eleições, ele estará cá fora. Será discutido seguramente e, se tiver que ser revisto, há formas de excepção para o rever e nós vamos faze-lo.
Por outro lado, defenderemos de forma intransigente a não privatização da rede de abastecimento de água. Não sei qual é o negócio actual, mas no nosso caso, garanto que defenderemos essa não privatização vincadamente.
Outra das questões que consideramos fundamentais é saber como está o protocolo existente à volta do saneamento. Foi feito um investimento muito grande na modernização daquilo que existia e, logo de seguida, foi estabelecido este protocolo. Não sabemos se existem contra-partidas e, se existem, quais são elas.
Finalmente, vem a questão das vias estruturantes. Sabemos que não é uma responsabilidade directa da autarquia, mas antes pela pressão que tem que ser exercida pelo município junto das autoridades nacionais.

TH: Muitos candidatos, na região do Vale do Homem, têm apontado a vertente do turismo e dos recursos naturais, como um aspecto que poderá ser impulsionador do progresso económico da região. Considera que também em Vila Verde, esse progresso pode passar por esta área?
SA: Não, não acredito que passe só por aí. É uma actividade que pode ajudar, isso sim. Nós queremos que a actividade económica se centre em duas ou três coisas muito claras. Quais são as actividades tradicionais em Vila Verde? São, por exemplo, a agricultura ou pastorícia, entre outras actividades que podem ser o verdadeiro motor de arranque. Vila Verde não tem pretensão a ser uma grande zona industrial, mas pode ter pretensão a ser uma zona onde existam pequenas unidades industriais que sirvam todo o concelho, e não apenas a zona Sul.
Há que fixar as populações da zona Norte do Concelho, daí que estejamos a desenvolver um fundo para desenvolvimento dessas regiões. Um fundo autárquico, que será suportado por nós e que, em momento oportuno, iremos anunciar como funcionará, mas que irá centrar-se muito no gabinete de apoio ao investidor e às pequenas e médias empresas, que já existe no município, mas que não funciona.

TH: Ao nível da indústria, o que acha, então, que poderia ser feito em Vila Verde?
SA: Nós vamos, por exemplo, reduzir algumas das taxas autárquicas, nem que para isso tenhamos que acabar com algumas despesas inúteis. Este endividamento louco só tem uma solução e não é pelo aumento das receitas, mas antes pela redução das despesas. Mas as receitas também podem ser aumentadas, reduzindo-se taxas, porque vamos criar riqueza e atrair investimento.
Nós temos é que criar riqueza para empresas do concelho, não vale a pena andarmos a gastar os nossos recursos para criar riqueza para entidades externas. Isso passa, desde logo, pelos concursos públicos.

TH: E no que diz respeito à Acção Social, como acha que se encontra o concelho?
SA: Acho que muito há, ainda, a ser feito. Desde logo, queremos auscultar todas as freguesias e todas as instituições de apoio, no sentido de sabermos e identificarmos quem são as pessoas realmente carenciadas e desfavorecidas do concelho.
Nós temos prevista uma redução, que pode ir até à eliminação, de todas as taxas camarárias.
Depois veremos o que pode ser feito, para além disso. Nós queremos que o apoio à terceira idade seja promovido pela autarquia. A autarquia deverá ser a locomotiva deste apoio, mais extenso, por exemplo, quer aos centros de dia quer aos centros de noite, que não existem, mas podem vir a existir. A isto, procuraremos acrescentar o alargamento do horário de acolhimento das crianças, desde o pré-escolar até às actividades extra-curriculares, para que as famílias não tenham necessidade de se deslocar para terem os seus filhos.

TH: Nos últimos meses, recordes sucessivos têm sido batidos ao nível do desemprego, em todo o país. Como acha que deve actuar Vila Verde, para contrariar essa tendência?
SA: Desde logo, como já afirmei, ajudar à fixação das populações, nas zonas mais rurais, com as soluções que existem para isso, com pequenos projectos de actividade económica. Depois temos que reorganizar, requalificar e criar pequenos parques industriais.
Ora, ainda recentemente, foi assinado um protocolo entre a autarquia e uma multinacional, para a produção de papel, que simplesmente não vai ficar instalada num pólo industrial. Pelo que me apercebo, vai ficar instalada em Atiães. Se nós termos um parque industrial muito próximo – em Oleiros – e se não a puderam levar para lá, é porque provavelmente não tinha condições.
Então o que é necessário fazer? Primeiro, ordenar os espaços existentes. Depois, revitalizar outros espaços idênticos, como por exemplo o parque industrial de Gême. E, finalmente, criar pequenos parques industriais, descentralizando-os, de forma a que as empresas se possam fixar.

TH: Como descreveria a candidatura do CDS vilaverdense a estas autárquicas?
SA: Eu acho que a candidatura do CDS é uma candidatura que vai assentar toda a sua actuação autárquica em quatro pontos fundamentais: muita irreverência, mas também muita responsabilidade, competência e transparência. Posso, desde já, anunciar que há duas coisas que iremos fazer. Por um lado, iremos criar o provedor do eleitor, o provedor cidadão vilaverdense. E, por outro lado, queremos abrir todas as sessões executivas da autarquia, tanto quanto seja possível, ao público e à Comunicação Social.

TH: Que resultado consideraria positivo nas eleições de dia 11 de Outubro?
SA: O único resultado positivo é ganhar as eleições. Penso que as condições estão reunidas. Quem anda no terreno, junto das pessoas, percebe isso.

Perfil

Com origens das freguesias de Pico de Regalados e Mós, e a residir actualmente na freguesia de Vila Verde, Sérgio Alves, com 48 anos, foi, durante seis anos, professor em Vila Verde. Mais tarde, trocou as escolas pela banca, onde começou por representar o Banco de Portugal, estando neste momento a trabalhar no Banco Espírito Santo. Divorciado e com três filhos.

Preferências

Comida: Pratos típicos
Bebida: Depende do prato
Carro: Qualquer um que me transporte
Férias: Em África
Passatempo: Desporto
Leitura: Todo o tipo de leitura
Jornais: Nacionais
Vício: Viver
Superstição: Nenhuma
Tiques: Que eu reconheça, não tenho


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