
Agosto de 2008: a empresa Menezes e Pacheco, em Vila Verde, fechava definitivamente as portas. No desemprego ficam mais 104 pessoas, entre elas, Fausto Lopes, "um faz-um-pouco-de-tudo". Dez dias depois, é chamado pelo Centro de Emprego para lhe propor um programa ocupacional: ser telefonista nos Bombeiros Voluntários de Vila Verde. Ao subsídio de desemprego acrescenta 20% do valor e a corporação dá-lhe subsídio de alimentação e transporte.
Casado e com um filho, Fausto Lopes sonha voltar ao têxtil, até porque é aquilo que sabe fazer melhor. No entanto, olhando para trás não sente muitas saudades: "Agora sou mais livre, posso estar mais presente na vida do meu filho, tenho um horário mais flexível e condições que não tinha na fábrica".
Reconhecendo que ganha mais agora do que na altura, Fausto Lopes compara duas realidades distintas: "Em dez minutos no têxtil produz-se muito e, por isso, a pressão da responsabilidade para fazer bem é mais evidente".
Foi por colegas que soube do leilão de máquinas, e não só, da Menezes e Pacheco que, ontem, decorreu, nas antigas instalações: "Espero que recebamos aquilo que nos é devido e espero que o leilão tenha correspondido às expectativas, até porque havia lá material muito bom".
Voltar à fábrica não está para já nos seus horizontes, ao contrário de meia dúzia de colegas que, por causa do leilão, recordaram memórias laboriais e sentaram-se, inclusive, nos antigos lugares.
Fausto Lopes sai da imagem que se tem do têxtil no Minho: além do sexo, é também uma pessoa disponível para fazer outras coisas: "Não me recuso a trabalhar, mas reconheço que a minha experiência e o meu saber foi feito no têxtil".
Além de atender o telefone, é também responsável pela elaboração dos relatórios de ocorrências da corporação de bombeiros. Com mais tempo para a família e com um horário mais flexível, consegue acompanhar mais a vida escolar do filho e responder às solicitações familiares.
Para Fausto Lopes, o importante é "perceber que há vida para lá do têxtil que não tem necessariamente que ser negativa". As antigas colegas aproveitaram para fazer o 9º ano. Fonte JN por P.A.P.
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