Rússia: Vilaverdense Cláudio Ribeiro participou na subida ao monte Elbrus

Monte Elbrus - Rússia


O Clube de Montanhismo de Braga existe há cerca de um ano, constituído por 'amigos da montanha' que tentam promover a modalidade em Portugal, sobretudo nesta região. Regressados há poucas semanas da conquista de um feito memorável ao nível do montanhismo europeu – a subida do monte Elbrus, situada na parte ocidental cordelheira do Cáucaso, na Rússia, e com mais de 5.600 metros de altitude –, os montanhistas minhotos estão agora apostados em levar a cabo uma campanha de angariação de novos sócios, tentando levar o espírito de aventura da montanha a cada vez mais minhotos.
Mas as ambições não se ficam por aqui. O próximo objectivo destes caminhantes é ainda mais arrojado e passa por Aconcagua, na Argentina. Ali, os montanhistas europeus tentarão alcançar um pico com quase 7 mil metros de altitude. Entre os montanhistas que fazem parte deste clube – que tem sede junto do Estádio Municipal Axa, em Braga – está um vilaverdense. Trata-se de Cláudio Ribeiro, um jovem empresário de Vila Verde, que aceitou o convite do Terras do Homem, para dar a conhecer um pouco melhor a modalidade e a experiência vivida no leste europeu.

Terras do Homem - Muita gente ainda pensa que o montanhismo é um desporto de risco. Entende-o como tal?
Cláudio Ribeiro - Não, de todo. Claro que há sempre riscos inerentes à prática deste desporto, como de qualquer outro, contudo se forem tomadas as devidas precauções é sempre um risco calculado. Há regras que é preciso respeitar, como por exemplo estarmos sempre atentos às condições climatéricas.

Mas, uma vez numa montanha, nem sempre é fácil prevermos algumas alterações naturais radicais...
Na prática do montanhismo, acima de tudo há componentes técnicos que convém dominarmos, a passagem das rochas, situações em que nos defrontamos com glaciaresc tudo isso são vertentes que devem ser acauteladas e apreendidas.

Há quanto tempo, notou um especial interesse pela modalidade?
Sempre gostei muito da ideia de fazer montanhismo. Porém, em Portugal, as dificuldades para a prática deste desporto são tremendas. Os materiais são caríssimos e não existe qualquer tipo de apoios de entidade alguma. Um t-shirt, por exemplo, pode custar 60 euros, enquanto umas simples meias podem chegar aos 40 euros.

Se calhar, também por isso poucos portugueses praticarão esta modalidade...
De facto, vêm-se muito poucos portugueses a praticar montanhismo. Quem me dera ver muitas mais pessoas a praticar este desporto.

São duros os meses de preparação para aventuras como a que levaram a cabo na Rússia, há umas semanas atrás?
A preparação em si não tem nada de complicado. Isto é, em Portugal não é fácil desenvolver o montanhismo pelas próprias condições naturais. Cá não existem grandes montanhas. As grandes montanhas que encontramos na Europa Ocidental são os Pirinéus e os Alpes. Daí que grande parte da preparação que por cá se faz seja bastante fácil, já que se resume a caminhadas diárias. Eu, no meu caso, não dispenso uns três/quatro dias semanais de longas caminhadas.

Quais são as principais exigências que alguém deve ter consigo próprio para enfrentar acções desta natureza?
Acima de tudo, se não estás bem fisicamente, pode não chegar a preparação física. O psicológico é fundamental. O mau tempo, a solidão, tudo isso afecta muito. É o chamado ‘emal de montanha’, que se pode reflectir em fortes dores de cabeça. Mas, claro que cada caso é um caso.

Quais foram as principais dificuldades que encontraram na altura de caminha pelas montanhas de Elbrus?
Quanto à subida na Rússia não houve problemas de maior. Pelo estudo e análise que tínhamos feito, parecia-nos uma subida ascensão fácil. O mais grave que nos aconteceu foi quando se abateu sobre a nossa comitiva uma frente fria, o que dificultava bastante o prosseguimento.
Acabamos por apanhar com 15ºC negativos e ventos gelados que nos obrigaram a ficar na tenda.

Mas, houve porventura momentos em que as forças estiveram no limite?
No momento da frente fria que se tinha abatida sobre nós, as esperanças estavam mesmo no fim. Contudo, após uma decisão em conjunto, resolvemos continuar a subir, após uma melhoria do tempo. Não houve sequer necessidade de estarmos juntos por uma corda, como é habitual em condições deste género.

Quais foram as principais dificuldades ao organizarem esta expedição?
Foram, sobretudo a nível burocrático. É pena, por exemplo, que no consulado russo, em Portugal, não houvesse nem uma única pessoa que falasse português. O visto só nos foi atribuído um dia antes da viagem. Fonte Jornal Terras do Homem



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