Mundo: Roupa Suja, o negócio da caridade


Estão no meio da rua, à saída do supermercado, frente a uma igreja ou ao lado de um ecoponto. São caixas enormes onde qualquer pessoa pode deixar roupa usada, que já não faz falta e ocupa as gavetas lá de casa.

Em Portugal, há muitas espalhadas por diversas cidades. Pela Europa e Estados Unidos as mesmas caixas têm outros nomes, mas sempre o mesmo fim: seja Gaia, Humana ou Planet Aid, a imagem com uma menina que parece ter sido fotografada num país africano, pobre, incita o transeunte a doar roupas usadas para ajudar o terceiro mundo.

Mas não é verdade. A roupa que está dentro dessas caixas é depois tratada por voluntários, escolhida, prensada e embalada e... vendida. Seja em África ou nos países de leste, esta roupa terá lucro e só na Califórnia a Gaia (uma das empresas detidas pelo Teachers Group: a organização-mãe) conseguiu mais dinheiro, com a venda das roupas, do que o Exército de Salvação, uma instituição com décadas nos Estados Unidos, que usa o dinheiro para ajudar pessoas desfavorecidas.

O negócio da roupa é um investimento que tem crescido nos últimos anos e o lucro daí auferido poderia pensar-se que iria para ajudar os países de terceiro mundo. Mas não: as letras pequeninas nesses contentores são bem claras. O dinheiro vai para suportar os cursos para voluntários nesses países sub-desenvolvidos. O próprio responsável em Bay Area, nos Estados Unidos, afirmou à CBS que era um «engano» pensar que o dinheiro auferido pela venda da roupa usada iria para África.

Mas nem isso parece que corresponde à verdade. Os voluntários que concorrem a lugares em África ou na Índia têm de pagar uma propina pelo seu estágio e angariar fundos nas ruas, com a venda de jornais ou postais. Muitos relatam que foram para países da Europa ou Estados Unidos e acabaram a fazer de pedintes nas ruas. Questionados sobre estas e outras matérias, a Humana recusou-se a responder em específico à pergunta e negou todas as acusações que pendem sobre a organização. Fonte Portugal Diário

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