Bastou uma opinião mais inflamada sobre a tela colocada na cripta do santuário do Sameiro, em Braga, para se acender nova polémica envolvendo as duas figuras religiosas mais marcantes da cidade. Um cidadão escreveu ao arcebispo de Braga, classificando a pintura de "heresia", por incluir o seu retrato e o do cónego Melo, e D. Jorge Ortiga quis, de imediato, reunir com os responsáveis pela obra para manifestar a sua discordância.
Hoje, é o autor, Óscar Casares, quem tem reunião marcada no Paço. Apesar de a inauguração ter sido há alguns meses e, já então, algumas vozes se terem manifestado em surdina, só agora, após a resposta dada ao contestatário, se conhece a posição do arcebispo, dando conta de um desconhecimento prévio da pintura.
Momentos históricos
O quadro pretendia a representação de três momentos históricos do santuário, mas acabou por incluir, ao lado da Nossa Senhora do Sameiro e de três Papas (Pio IX, Pio X e João Paulo II), o cónego Melo, enquanto presidente da confraria no activo quando a Rosa de Ouro foi entregue por um representante do Papa; o arcebispo primaz, em representação da hierarquia máxima da Igreja local, e o padre Martinho, fundador do templo.
Opções que o autor toma como suas, mas que alguns consideraram, em cartas enviadas ao JN, reflectirem mais um "culto da personalidade". Foi António Ferreira quem desencadeou a celeuma pública, a fazer lembrar a antiga controvérsia em torno da estátua proibida do cónego Melo.
Este cidadão escreveu a D. Jorge e a resposta não o satisfez. "Encontrei-me com ele e recebi também uma carta. Disse-me que não tinha tido conhecimento do quadro antes de o terem colocado e que iam ser tomadas providências para que tal não voltasse a acontecer", sublinha.
"Aquilo é uma heresia e uma profanação. Num altar só devem estar figuras beatificadas ou santificadas. Nada tenho contra o cónego, até acho que tem feito um bom trabalho, mas se queriam homenageá-lo deviam ter posto uma placa no exterior. E se o bispo de Leiria quisesse pintar a sua cara no santuário de Fátima, o Vaticano autorizava?", questiona.
Essencial e acessório
O Monsenhor Eduardo Melo, que, apesar de já não ser cónego, assim continua a ser conhecido, diz-se sossegado. "O senhor arcebispo é livre de fazer o que quiser. Ele mostrou-me a carta e disse-me que não gostava da pintura. Para mim, as críticas não têm importância. Prefiro olhar o essencial e não o acessório. A tela não tem nada de pecaminosa", considera.
Evidenciando uma relação há muito fragilizada, o presidente da confraria diz ainda que o arcebispo só não esteve na inauguração porque teve a tomada de posse de um bispo. Algo que o JN não conseguiu confirmar junto de D. Jorge, apesar das tentativas.
O cónego frisa, aliás, que a decisão de colocar a tela foi unânime "Os elementos da mesa da confraria não são nenhuns incapazes". Também o arquitecto Fernando Jorge acrescentou, a propósito: "Isto não tem nada a ver com a pintura. Se não estivesse lá uma certa pessoa, não haveria problema nenhum ".
Estátua na arrecadação
Voltam, assim, a centrar-se as atenções num homem, cuja última tentativa de homenagem, em 2002, com a colocação de uma estátua sua numa rotunda da cidade, saiu frustrada.
A oferta de um "grupo de amigos", pelos 30 anos ao serviço da Igreja, foi fortemente contestada por várias vozes que não quiseram ver esquecida a sua associação aos ataques bombistas do Verão Quente de 1975. Fonte JN por Denisa Sousa e Alfredo Cunha
Hoje, é o autor, Óscar Casares, quem tem reunião marcada no Paço. Apesar de a inauguração ter sido há alguns meses e, já então, algumas vozes se terem manifestado em surdina, só agora, após a resposta dada ao contestatário, se conhece a posição do arcebispo, dando conta de um desconhecimento prévio da pintura.
Momentos históricos
O quadro pretendia a representação de três momentos históricos do santuário, mas acabou por incluir, ao lado da Nossa Senhora do Sameiro e de três Papas (Pio IX, Pio X e João Paulo II), o cónego Melo, enquanto presidente da confraria no activo quando a Rosa de Ouro foi entregue por um representante do Papa; o arcebispo primaz, em representação da hierarquia máxima da Igreja local, e o padre Martinho, fundador do templo.
Opções que o autor toma como suas, mas que alguns consideraram, em cartas enviadas ao JN, reflectirem mais um "culto da personalidade". Foi António Ferreira quem desencadeou a celeuma pública, a fazer lembrar a antiga controvérsia em torno da estátua proibida do cónego Melo.
Este cidadão escreveu a D. Jorge e a resposta não o satisfez. "Encontrei-me com ele e recebi também uma carta. Disse-me que não tinha tido conhecimento do quadro antes de o terem colocado e que iam ser tomadas providências para que tal não voltasse a acontecer", sublinha.
"Aquilo é uma heresia e uma profanação. Num altar só devem estar figuras beatificadas ou santificadas. Nada tenho contra o cónego, até acho que tem feito um bom trabalho, mas se queriam homenageá-lo deviam ter posto uma placa no exterior. E se o bispo de Leiria quisesse pintar a sua cara no santuário de Fátima, o Vaticano autorizava?", questiona.
Essencial e acessório
O Monsenhor Eduardo Melo, que, apesar de já não ser cónego, assim continua a ser conhecido, diz-se sossegado. "O senhor arcebispo é livre de fazer o que quiser. Ele mostrou-me a carta e disse-me que não gostava da pintura. Para mim, as críticas não têm importância. Prefiro olhar o essencial e não o acessório. A tela não tem nada de pecaminosa", considera.
Evidenciando uma relação há muito fragilizada, o presidente da confraria diz ainda que o arcebispo só não esteve na inauguração porque teve a tomada de posse de um bispo. Algo que o JN não conseguiu confirmar junto de D. Jorge, apesar das tentativas.
O cónego frisa, aliás, que a decisão de colocar a tela foi unânime "Os elementos da mesa da confraria não são nenhuns incapazes". Também o arquitecto Fernando Jorge acrescentou, a propósito: "Isto não tem nada a ver com a pintura. Se não estivesse lá uma certa pessoa, não haveria problema nenhum ".
Estátua na arrecadação
Voltam, assim, a centrar-se as atenções num homem, cuja última tentativa de homenagem, em 2002, com a colocação de uma estátua sua numa rotunda da cidade, saiu frustrada.
A oferta de um "grupo de amigos", pelos 30 anos ao serviço da Igreja, foi fortemente contestada por várias vozes que não quiseram ver esquecida a sua associação aos ataques bombistas do Verão Quente de 1975. Fonte JN por Denisa Sousa e Alfredo Cunha
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