Braga: Renovado Museu da Sé reabre tesouros ao povo

D. Gonçalo Pereira


Quase 18 anos depois do início de todo o processo, o Tesouro-Museu da Sé Catedral de Braga foi devolvido à sua dignidade, dividindo, agora, o valiosíssimo espólio por quatro edifícios recuperados. Na inauguração do novo espaço, o cabido aproveitou a presença da tutela e pediu ao secretário de Estado da Cultura para desbloquear dois despachos fulcrais um para permitir a angariação de donativos e, assim, custear a parte que falta; o outro para conceder à Sé o estatuto de utilidade pública, pendente por uma assinatura do Primeiro-Ministro. Em 1989, a Câmara Municipal aceitava ceder um quarteirão inteiro, anexo à casa do Cabido, para ampliação e remodelação do museu, já que o património estava, reconhecidamente, em risco. À cabeça do pedido, o cónego Eduardo Melo, na altura director do espaço, que ousou sonhar um futuro mais majestoso para as obras de arte sacra. Nesse ano, era arcebispo-primaz D. Eurico Dias Nogueira, a quem ontem foi dedicada uma vitrina com um retrato seu, a óleo.

Para surpresa dos presentes, o cónego Melo não foi à cerimónia, apesar de a obra lhe estar indelevelmente ligada e a Sé ser uma das suas grandes paixões. O renovado espaço homenageia-o, aliás, com um busto na sala do Coro Alto e uma sala de ourivesaria. O actual director, Pio Alves de Sousa, explicou os seus compromissos "intransferíveis" em Fátima, com reconhecida pena "Disse-lhe, repetidas vezes, que não dispensava a sua presença".

Se uns obreiros começaram, os outros, actuais protagonistas, lutaram, no dia-a-dia, para ultrapassar todos os obstáculos que foram surgindo. Uma empreitada sem derrapagens. Com uma poupança de cerca 304 mil euros sobre o contratualizado através do Programa Operacional da Cultura. Por isso, o cónego Pio não se coibiu de pedir a intervenção do Ministério.

As obras custaram cerca de dois milhões e 284 mil euros, custeados a 50% pela tutela. O secretário de Estado da Cultura, Mário Vieira de Carvalho, comprometeu-se a agilizar o despacho favorável ao pedido de "declaração de superior interesse cultural" ao projecto para que o Cabido possa angariar os cerca de 950 mil euros da sua parte. Igual promessa para o pedido de utilidade pública para a Sé, que aguarda resposta desde 2002.

Espaço majestoso

Quatro edifícios anexos à casa do Cabido foram recuperados para integrar o museu, sempre com acompanhamento do IPPAR.

Cores ambiente

O novo museu recupera o anterior, já bastante degradado, e junta-lhe espaços cor de champanhe, brancos, mármores e madeiras, numa harmonia que convida à visita.

Quadro a D. Eurico

Pela própria mão, descerrou um quadro seu, pintado a óleo, onde também figuram objectos doados/deixados por outros arcebispos.


Peças milenares

As cruzes, os trajes, as esculturas, a joalharia, tudo no Tesouro-Museu tem um valor incalculável. Agora que o acervo está exposto, a protecção e a segurança são prioritárias para os responsáveis. Fonte JN por Denisa Sousa

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