Imagine que vai à feira da ladra, ou a uma loja dos Emaús, e que encontra um poster a anunciar uma exposição de cerâmica de Picasso, o artista. Um poster antigo, emoldurado, que pensa tratar-se de uma reprodução do original, como aqueles calendários com imagens de Van Gogh à venda nas lojas dos museus. Paga 10 euros pelo quadro e sai contente, a imaginar uma parede lá de casa para o pendurar.
Ao chegar a casa decide ir ao Google procurar o que raio foi a “Exposition D Ceramiques” que o poster anuncia, com a assinatura de Picasso logo a seguir. E é aí que descobre que foi o próprio pintor espanhol que fez os posters – 100 para sermos mais precisos – em litografia, anunciando uma exposição sua de cerâmica. E de repente uma ideia forma-se na sua mente: “Tu queres ver que isto é autêntico?”.
Foi o que aconteceu a Zachary Bodish, desempregado de 46 anos, de Colombus, no Ohio, EUA, que entrou na loja Volunteers of America atrás de mobiliário kitsch. Claro que ajudou ele ter trabalhado como gerente do Wexner Center for the Arts e ser dono de um olhar mais atento do que o comum dos mortais. Mas a verdade é que este homem só percebeu o que tinha comprado quando chegou a casa. “Descobri que este poster é uma impressão feita em linóleo pelo próprio Pablo Picasso a anunciar uma exposição de cerâmica na vila de Vallauris. Ele fez 100 cópias deste poster feito a tinta castanha, assinou-as a lápis vermelho e numerou-as a lápis de carvão, em 1958”, explica Bodish no seu blogue bopfish.blogspot.pt.
A assinatura, que não resistiu à passagem do tempo, é apenas uma espécie de borrão vermelho, mas a verdade é que está lá.
Todd Weyman, vice presidente da Swann Auction Galleries, em Nova Iorque, explicou, em declarações ao site da “ABC News” que, se se provar que o poster é autêntico “pode chegar aos 6 mil dólares, em leilão [4 mil euros]”. Nada mau para um dia de compras numa loja de velharias e caridade.
Quem ficou a perder foi Ed Zettler, o homem que doou o poster à Volunteers of America. Depois de o ter pendurado nas paredes de todas as casas por onde passou – o poster foi oferecido por um colega de trabalho que achou que a imagem “não ia bem com a decoração da casa” – Ed fartou-se e arrumou-o na cave. No final de Fevereiro decidiu doar o poster à loja e não pensou mais no caso. Até ter lido as notícias que davam conta da descoberta de Bodish.
A Zettler, que não tem mau perder e garante que não espera nada de Bodish, resta-lhe conseguir incluir a doação nos impostos, já com o valor real de 6 mil dólares. Pode ser que tenha sorte.
Fonte jornal i por Diana Garrido
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