Não há data precisa para o início desta tradição. Muito menos se percebe quais as razões geográficas que tornaram, durante muitos anos, os lugares de S. Bento e S. Pedro, acessíveis apenas por rio. Nem como se tornaram habitados. Agora há pontes que facilitam o acesso, contudo durante décadas o compasso viu-se obrigado a recorrer aos barcos para cumprir a tradição pascal junto de duas centenas de pessoas.
Este é um dos momentos altos da freguesia de Fiscal, em Amares. Um orgulho local, que atrai milhares às margens do rio Homem. O frenesim instala-se bem cedo. O compasso vai passando, beija-se a cruz, fecha-se a porta e as suas gentes seguem em direcção para as margens do rio Homem para assistir à cerimónia.
Do barco do fogueteiro vai-se lançando as canas. O leito do rio está nos mínimos, o que exige cuidados redobrados e um estudo prévio dos pontos a passar durante os 800 metros de percurso. O embarque foi programado para a margem direita, conforme a corrente indica. O desembarque fez-se no lado oposto. Os cinco barcos, decorados com jarros e flores campestres, foram trazidos na quinta-feira, de propósito para esta cerimónia. Não há remos. Apenas um longo pau para cada condutor. Cumprindo dessa forma o que manda a tradição.
O compasso chegou às 11.20 horas. Ouviram-se palmas. Os sinos e a banda de Bouro anunciaram a chegada. O mordomo João Costa irradiava felicidade, num dos actos mais simbólicos para a freguesia. Foram dez minutos para a comitiva entrar nos barcos. Durante os 800 metros de percurso foram muitos aqueles que acompanharam uma viagem que levou cerca de trinta minutos. Mais uma vez cumpriu-se a tradição e o compasso chegou a S. Bento e S. Pedro.
Fonte Correio do Minho por Rui Miguel Graça
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