Pires
Um jovem sacerdote do arciprestado de Vila Verde sugeriu ao presidente da câmara municipal a possibilidade de os bordados típicos dos lenços dos namorados serem uma forma diferente de adornar os paramentos dos padres das paróquias vilaverdenses.
Esta ideia foi lançada numa conversa informal com António Vilela, mas um jornal local teve conhecimento da ‘heresia’ e fez manchete com o assunto. “Padres de Vila Verde desafiados a andar na moda”, era o título.
Segundo o sacerdote, a linguagem dos bordados poderia ser adaptada à liturgia e assumir-se como mais um elemento comum entre os padres do arciprestado. As casulas ou estolas seriam usadas, não nas celebrações normais, mas em ocasiões especiais para as paróquias e arciprestado.
De uma ideia lançada numa típica conversa de café surgiu uma espécie de revolução eclesial. Esta semana um padre enviou para este mesmo jornal local um direito de resposta, mostrando-se muito incomodado com tamanha ‘ofensa’ à vestimenta dos sacerdotes.
O jovem padre, admirado com tanto folclore à volta de uma simples ideia, sorriu. Sim. Isto não merecerá muito mais que um sorriso para aqueles que continuam a achar que na igreja só se pode fazer como antigamente. Com tanto puritanismo e virgens ofendidos, não sei muito bem se algum dia esta igreja poderá evoluir para a dimensão que merece.
Se não houver rasgos de aproximação ao povo, vamos continuar a ter uma igreja de costumes e preceitos que fala do alto do púlpito numa linguagem fora de moda, sem uma ponte real para a vida das pessoas.
Fonte Correio do Minho por Ricardo Miguel Vasconcelos
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