"Como puderam viver felizes perante tamanha infelicidade?", questionou ontem, durante as alegações finais do caso de escravidão que está a ser julgado no Tribunal de Vila Verde, o procurador do Ministério Público, que pediu a condenação dos quatro arguidos a nove anos de cadeia.
Ao longo de várias horas, o procurador Carlos Cardoso justificou o pedido de condenação de Casimiro Alves, da mulher Rosalina e dos filhos Fátima e Pedro sublinhando que ao longo de 25 anos reduziram Rui Manuel, agora com 36 anos, à condição de "coisa".
"Foste criança a quem nunca deixaram ser criança e homem despojado de humanidade a quem os arguidos, unidos a ti por laços de sangue, reduziram a simples coisa", acusou o procurador, dirigindo-se pessoalmente a Rui, a quem pediu desculpas, "em nome da humanidade".
As palavras do procurador arrancaram um aplauso da mais de meia centena de populares que assistiam às alegações finais do caso do jovem deficiente escravizado durante 25 anos por uma família de Coucieiro, Vila Verde.
Acompanhado pela mãe e pela família que o acolheu após sair da casa dos arguidos, em Coucieiro, Rui Manuel também se emocionou com as palavras do procurador Carlos Cardoso.
Do lado da defesa, Artur Marques, que faz alegações na próxima terça-feira, voltou a garantir a inocência dos arguidos, sublinhando que não tem dúvidas quanto à sua absolvição.
Fonte Imagem/Notícia © Correio da Manhã por Fátima Vilaça
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