Vilarinho: Administração da Meneses & Pacheco recua na decisão de encerrar e quer reitegrar trabalhadoras


A têxtil Meneses & Pacheco, de Vila Verde, poderá retomar a actividade em Setembro com as antigas trabalhadoras, depois de em Julho ter fechado portas na sequência de uma penhora das Finanças.

Em declarações à agência Lusa, o advogado das 104 trabalhadoras disse ter sido hoje contactado pelo administrador da empresa, que lhe propôs a reintegração total das ex-funcionárias a partir de 01 de Setembro e o pagamento, em 10 prestações, da parte do salário de Julho em atraso e dos subsídios de férias.

Como garantia, enquanto esta verba não for liquidada mantém-se o arresto, decretado quarta-feira, de todas as máquinas da têxtil.

Manifestando a sua "surpresa total", mas grande satisfação, com esta reviravolta, o advogado Franclim Ferreira considera tratar-se de uma proposta "muito interessante", mas referiu que as trabalhadoras estão "muito relutantes" por terem "perdido a confiança" no empresário.

"Há muita relutância da maior parte delas, porque perderam a confiança e estão convencidas de que será para voltar ao mesmo", disse.

Segundo salientou, o administrador da Meneses & Pacheco pretende retomar a actividade independentemente do número de trabalhadoras que aceitem regressar.

"Se todas quiserem, disse que iria voltar para as mesmas instalações. Se menos de 60 aceitarem, diz que tem outras instalações mais pequenas, também em Vila Verde, onde pode laborar", afirmou.

Para Franclim Ferreira, as trabalhadoras nada têm a perder, já que retomam os postos de trabalho e continuam a manter o arresto das máquinas que lhes dá garantias adicionais sobre os respectivos créditos.

Contudo, disse, para já apenas cerca de um quarto das 104 trabalhadoras manifestaram a intenção de regressar, tendo algumas o desejo de se juntar na criação de uma nova empresa.

"Mas acredito que o número [de trabalhadoras dispostas a reintegrar a Meneses & Pacheco] irá aumentar", acrescentou.

Questionado sobre o que terá levado o empresário a recuar na decisão de encerrar a unidade e proceder ao despedimento colectivo das funcionárias, o advogado sustentou que "o facto de existir um arresto exerceu mais pressão sobre a situação".

"Desta forma impediu-se que as máquinas pudessem laborar noutro local que não aquele", explicou.

Contactado pela agência Lusa, o administrador da Meneses & Pacheco Bruno Pacheco confirmou ter proposto a reintegração das trabalhadoras, mas não quis adiantar pormenores sobre o que o levou a recuar na decisão de encerrar.

Convicto de que a empresa tem viabilidade e de que, "com o esforço de todos", será possível liquidar a dívida de 28 mil euros ao fisco, o empresário diz ter entretanto procurado novos clientes e feito uma "busca de mercado" que lhe deu garantias mínimas para reabrir.

"Não temos o apoio da banca, pelo que será uma luta em que toda a gente tem que participar", disse, defendendo um "maior esforço" por parte das trabalhadoras ao nível da produção.

Salientando que a empresa sempre cumpriu as suas obrigações, Bruno Pacheco defende que "merece, pelo menos, uma segunda tentativa".

Depois do anúncio do encerramento da empresa e do seu despedimento colectivo, em meados de Julho, as trabalhadoras da Meneses & Pacheco mantiveram-se durante mais de 20 dias à porta da unidade para evitar a retirada da maquinaria, que dizem ter sido tentada por uma vez.

O seu advogado interpôs, entretanto, uma providência cautelar a que o Tribunal do Trabalho de Braga deu segunda-feira provimento, com vista ao arresto dos bens da têxtil, que aconteceu na quarta-feira.

Desta forma, as trabalhadoras obtiveram garantias adicionais de pagamento das indemnizações que, segundo Franclim Ferreira, "nunca serão inferiores a 500 mil euros".

O encerramento e declaração de insolvência da empresa aconteceu após a penhora, pelas Finanças de Vila Verde, das respectivas máquinas para cobrança de uma dívida de 28 mil euros. Fonte Lusa

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