Guimarães: Centro Histórico borratado



Há quem os entenda como arte. Outros, muitos, vêem neles apenas um sinal de poluição visual. Os graffitis vieram para ficar e, em Guimarães, levaram mesmo o presidente da Câmara a declarar guerra a esta manifestação urbana que não colhe duas opiniões iguais.

António Magalhães considera que os graffitis atentam contra a preservação do património e, por isso mesmo, anunciou uma postura mais férrea em relação aos grupos que usam as paredes da cidade para manifestar simpatias clubísticas ou tão-só declarações de amor. O presidente da Câmara manifestou-se bastante preocupado com a situação e declarou guerra aberta aos "prevaricadores de um património que é de todos nós". O fenómeno, na opinião do autarca, está a atingir "proporções que não abonam a favor das teses de uma cidade especial, com património classificado (pela UNESCO) e distintivo. É preciso dar sinais de preocupação e agir". Trata-se, admite, de "uma questão das forças de segurança", que passa a ser "de todos quando é o património que está em causa, bem como a imagem da cidade".

Mesmo assim, passeando pelas ruas da cidade, a presença dos "rabiscos" está longe de atingir o volume de metrópoles maiores. Ou até de certas zonas periféricas da cidade. Mas só não é mais visível porque as equipas de trabalhadores da autarquia actuam quase todas as semanas, "escondendo" com tinta os símbolos, as palavras de ordem e os desenhos que teimam em ocupar certas paredes do Centro Histórico.

Em muitos muros - junto ao actual mercado, nas ruas estreitas em torno do Toural - os graffitis convivem com inscrições de períodos mais acalorados da política portuguesa "Rui Gomes em greve de fome: libertação imediata"; "Contra os salários em atraso, greve geral".

Na zona da Caldeiroa, junto ao novo mercado municipal, as paredes de fábricas e de casas ostentam uma intrincada simbologia denunciadora de tribos urbanas. Nem a placa da obra escapou, atingida por desenhos e assinaturas. Junto ao Largo Condessa do Juncal, num canto a tresandar a urina, abundam graffitis mais elaborados e coloridos, e uma manifestação de amor pelo Benfica. Fonte JN por Joaquim Forte e Alfredo Cunha

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