Aboim da Nóbrega: Dente Santo faz notícia no JN



O dente santo de Aboim da Nóbrega, em Vila Verde, foi novamente localizado pelo agrupamento de escuteiros local, depois de um período em que desapareceu sem deixar rasto.

Aquela curiosa relíquia da medicina popular, com mais de 800 anos de existência e que, segundos relatos que carecem de confirmação histórica, terá ligação a S. Frutuoso (abade de Constantim, Vila Real), encontra-se, actualmente, no Hospital de S. João, no Porto.

O achado está a deixar a freguesia em polvorosa, feliz por ter reavido um objecto de grande valor sentimental e imensa devoção popular.

Histórias antigas

Numa exposição realizada em meados de Agosto, o agrupamento de escuteiros exibiu, pela primeira vez, as fotos que comprovam o achado. "Já sabia da existência do dente santo, pelo relato da população mais idosa, e quis que os escuteiros fossem à sua descoberta", começa por explicar o chefe do agrupamento.

A história deste objecto religioso é digna de inspiração de um argumento cinematográfico "Em princípios de Novembro de 1920, os jornais referiram-se largamente a um curandeiro que foi preso no concelho de Vila Nova de Gaia por tratar indivíduos mordidos por cães raivosos", explica um professor da Faculdade de Medicina do Porto. "Era Manuel António Martins, morador no lugar de Borges (onde ainda hoje existe a fonte com as alminhas), freguesia de Aboim da Nóbrega, em Vila Verde.

Possuía o dente santo com mais de 800 anos; pertencera a S. Frutuoso e gozava do privilégio de prevenir a raiva, desde que benzidas com ele pessoas mordidas pelo cão danado", prossegue Pires de Lima.

Mas as coisas acabaram mal para Manuel Martins "Ao ser preso, apreenderam-lhe o dente, mas pediu para que não o perdessem, acrescentando que, se tal sucedesse, o dente iria ter milagrosamente a casa".

Com algumas provas de "cura" pelo meio, o curandeiro referiu, quando foi preso, que "as pessoas ficavam curadas desde que fossem benzidas com o dente sob a reza de S. Frutuoso", completa o espcialista.

Muito antigo

O relato escrito na altura refere que o "dente já tinha pertencido ao avô e aos antepassados que, como ele, exerciam a mesma profissão", declarando Manuel Martins na altura "Benzi pessoas e animais mordidos e nenhum deles se danou. Aquele dente tem 800 anos e faz curas milagrosas".

O processo foi arquivado e o dente "para que em ninguém mordesse" foi enviado ao director da Faculdade de Medicina do Porto.

Recambiado para a freguesia de Vila Verde, Manuel Martins disse ter sido roubado, o que deixou a população desolada, já que a relíquia era um dos maiores símbolos da crendice popular, marcando presença em todas as festas e romarias da altura. Fonte JN por Pedro Antunes Pereira

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