Desporto: Luís Bogas dá entrevista ao jornal "O JOGO"



Foi o melhor marcador do "play-off" (84 golos, mais 30 do que o segundo, Carlos Resende) e o terceiro de todo o campeonato (152, menos oito do que o melhor, Carlos Resende), tendo-se tornado numa figura incontornável deste ABC campeão nacional.

Nasceu e vive até hoje em Vila Verde, arredores da Cidade dos Arcebispos, tendo começado a jogar andebol, aos 12 anos, no Sporting de Braga, saindo quatro anos depois, quando a secção se extinguiu. Fez um ano no CAB (Clube Atlético de Braga) e outro no Boavista, antes de chegar ao ABC, em 1988/89, ainda no seu segundo ano de júnior.

Aos 26 anos, sentiu o título na plenitude pela primeira vez, ainda que já tenha faixas do campeonato ganho em 1999/00. É que na altura tinha Carlos Resende, Youriy Kostetskiy ou Viktor Tchikoulaev à sua frente. Agora não e Luís Bogas foi o marcador de serviço, mas também grande parte da alma desta equipa, onde irá continuar a jogar por mais quatro anos, ou seja, até 2010.

O JOGO A forma como viveu a conquista deste título foi diferente da do título de 1999/00?
LUÍS BOGAS
Sim. É verdade. Este ano é que foi o verdadeiro título. Nessa época quase não jogava, havia grandes jogadores e era complicado.

P Quando ficaram sem o Zelenovic, por lesão, e sem o José Vieira, por castigo, numa altura tão importante do campeonato, temeram perder por aí a possibilidade de serem campeões?
LB
Sempre acreditamos na nossa capacidade. Mas é evidente que temos de ter atletas para poder ganhar jogos. Jogávamos com sete, como os outros, mas é lógico que as dificuldades foram muito grandes. Ou corria bem daquela maneira, ou não havia outra forma de o conseguir. Mas é verdade que foi uma época muito atípica, com as lesões, o castigo, enfim, tudo nos aconteceu...

P Onde esteve a chave do sucesso?
LB
O grande segredo do andebol do ABC está na garra e na paixão de todos os atletas que lá passam. Tanto pelo clube como pela cidade. Não vou dizer que não se passe isso noutros clubes, mas ali é especial.

P E a sua forma de jogar personifica bem essa garra e essa paixão...
LB Uma entrega total ao jogo é a única forma como o sei encarar. Mas não sou o único. No ABC há mais guerreiros. O José Costa, por exemplo, é um jogador que admiro, pois é jovem mas tem muita garra.

P Mas o Bogas talvez seja o mais visível. Pelos golos que marca, e num dos jogos contra o FC Porto marcou 14, muitas vezes em situações decisivas...
LB
Mas esse é um daqueles jogos que correm bem. Não é normal marcar 14 golos e ainda para mais numa final de "play-off" e logo contra uma equipa como o FC Porto. Foi um jogo em que correu tudo bem, mas eu também não tenho medo de arriscar... Não tenho problemas nenhuns em assumir o jogo. Quando é preciso, não tenho medo de falhar. Nem penso nisso. Prefiro fazer do que ficar a pensar porque não o fiz...
Fonte O JOGO por Rui Guimarães

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