A tradição pode até já nem ser o que era, mas os lenços de namorados típicos do Minho continuam a ter muita procura e são cada vez mais os que encontram nesta arte uma saída para fintar o desemprego.
Teresa Barbosa, 43 anos, trabalhava numa fábrica de confeções, mas ficou desempregada, tendo-se "agarrado" aos lenços de namorados para "não ficar dependente do marido ou seja de quem for".
Fez um curso de 700 horas na Associação para o Desenvolvimento Regional do Minho (Adere-Minho), em Vila Verde, e começou a trabalhar em casa. Agora, é dos bordados de lenços que retira os rendimentos com que compõe o orçamento familiar.
"Está difícil arranjar um emprego seja em que área for e assim sempre ganho algum", refere.
Teresa promove e vende os seus trabalhos através da página que abriu na rede social Facebook.
Também Camila Silva, 52 anos, viu nos lenços de namorados a sua oportunidade de negócio, quando regressou do estrangeiro, onde esteve emigrada.
Montou há cerca de 14 anos uma loja que mantém hoje as portas abertas: "É sinal que isto vai dando, claro, se não já tinha fechado a porta", admite.
A diretora-geral da Adere-Minho, entidade certificadora dos lenços, testemunha que a procura pela atividade tem subido nos últimos tempos, fruto da crise.
"Mesmo que não seja para servir de profissão a tempo inteiro, serve de suplemento. O desemprego aumentou exponencialmente, e nesta região muito mais, e nós temos muitos pedidos de formação, não só de mulheres, como também de homens", diz Teresa Costa.
Os namorados menos inspirados agradecem às bordadeiras, uma vez que os lenços já contêm declarações de amor.
Segundo a tradição, eram as raparigas que, quando estavam interessadas num rapaz, lhe ofereciam um lenço de namorados.
Se ele o usasse na missa de domingo, era sinal de que aceitava o namoro.
Hoje em dia, e "subvertendo" a tradição, até já são mais os homens que oferecem lenços. Agora, o objetivo já não é "pedir namoro", mas manifestar afeto, amizade, gratidão ou amor.
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