Arcozelo: Os passos dos ‘guerreiros’ (via Terras do Homem)



imagem ilustrativa

Há dois anos que, na freguesia de Arcozelo, em Vila Verde, as festividades em honra de Nosso Senhor do Passos estão adormecidas por falta de membros que assumam as despesas de tal nobre festa. De um grupo de sete jovens naturais desta freguesia – quatro raparigas e três rapazes, com idades compreendidas entre os 20 e os 27 anos – surge, de novo, a ideia de formar uma comissão de festas voluntária que leve a cabo esta tradicional festa que paulatinamente vai desparecendo da memória, nomeadamente dos mais novos.

Numa manhã de domingo, quatro jovens cantoras do grupo coral da freguesia, inspiraram-se nas palavras do pároco que, na eucaristía dominical, estava precisamente a discursar sobre o problema da falta de voluntários para organizarem a festa, e partem para esta “aventura”, tal como lhe chamaram.

Sem dúvida, será uma iniciativa de louvar. Defensoras de valores e de tradições, pessoas ativas na vida da freguesia, estas jovens estão de corpo e alma num projeto que, até à data, é um sucesso em Arcozelo e nas redondezas. Sempre com uma expressão de orgulho e dever cumprido até hoje. As festividades realizam-se no fim de semana seguinte ao dia 15 de agosto.

Numa entrevista informal, estas guerreiras, esclareceram como surgiu a ideia. Com um ar sorridente e orgulhoso, as quatro jovens começaram por explicar como tudo começou...



Joaquim Ribeiro: Qual a origem desta iniciativa tão particular?

Mordomos: Surgiu numa missa Dominical. Com as recordações que, desde a infância, temos desta festa, que recordamos com alguma saudade, decidimos pensar numa iniciativa para, este ano, conseguirmos levar avante uma festa mais dinâmica e atrativa, tal como é tradição. Depois de nos aconselharmos com os nossos familiares e amigos mais experientes, fomos expôr a nossa ideia ao pároco. Reticente, no início da nossa conversa, aceitou de bom grado o nosso passo. A partir daqui pusemos mãos à obra.



JR:Quais os passos seguintes para porem em prática as vossas ideias?

M: Tratámos de escolher os mordomos e juízes e começamos a trabalhar na agenda da festa. Consultámos festas anteriores, festeiros e fizemos uma estimativa das despesas para pensar, depois, nas iniciativas para conseguir angariar fundos suficientes para colmatar estas despesas.

Pensámos em nomes sonantes em termos musicais para cativar as pessoas, contratámos arcadas e fomos reticentes no fogo de artifício. Sendo as pessoas exigentes neste ponto, tentámos não desiludir. Depois da agenda completa para os três dias de festividades, pensámos então em iniciativas para angariar o fundamental financiamento.



JR: Que iniciativas já foram realizadas e em que consistem as próximas em agenda. Qual a adesão das pessoas até ao momento?

M: Superaram as espectativas (risos). Já temos grupos fiéis que nos acompanham em todas as iniciativas. Começámos por realizar um sorteio, o tradicional magusto, um pica-no-chão e, por último, por organizar o carnaval da freguesia, com um bar, um bazar e, ainda, uma venda de rifas aos forasteiros e participantes.

As próximas iniciativas em agenda serão o tradicional porco no espeto e o “poio da vaca”. Por fim, realizaremos uma festa temática que ainda não está definida. Sem dúvida, na freguesia, destacamos a importância da colaboração do Restaurante Costa Verde, que nos cede o espaço para as nossas iniciativas, bem como o ‘Grupo de Concertinas de Arcozelo’, que nos acompanha com as tradicionais desgarradas e cantigas.



JR: Sendo os três mordomos rapazes emigrantes, como sentem a presença deles?

M: Quanto aos nossos companheiros, nenhuma decisão é tomada sem o conssentimento da parte deles. Fizeram a campanha no estrangeiro, junto dos emigrantes com a venda de inúmeras rifas. São uma parte do sucesso da nossa iniciativa e estão do nosso lado nos momentos cruciais.



JR: Sentem-se capazes de levar a iniciativa até ao fim? Alguma palavra para as pessoas que queiram fazer parte desta festa?

M: Obviamente que sim. Cada dia que passa, estamos mais empenhadas, de alma e coração, nesta iniciativa. Agora, é preciso trabalhar para conseguir atingir os objetivos. Na altura da festa, fazemos um peditório pela freguesia com os tradicionais ‘gaiteiros’, em que as pessoas nos ajudam com donativos e com vozes de incentivo. Estamos a pensar alargar a volta à freguesia de Marrancos, como antes foi tradição.

Esperamos por todos nas próximas iniciativas. São todos bem vindos e esperamos por vocês no porco no espeto. Estamos no facebook, na página da Freguesia de Arcozelo e, mais tarde, irá para o exterior mais publicidade e divulgação das festividades em honra de Nosso Senhor dos Passos.

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