Para contar esta história são precisos os últimos 20 anos e 205 países: João Paulo Peixoto, natural de S. Victor, Braga, tem 47 anos, é pai e professor universitário, e já pôs os pés em todos os países do mundo. Regressou ontem a Portugal.
João Paulo Peixoto encerrou o seu percurso em Israel, vindo de Juba, no Sudão do Sul, o mais recente país reconhecido pela ONU. Do périplo dos últimos anos traz um livro por escrever. Ao telefone a partir de Jerusalém, de onde saiu na sexta-feira para chegar na noite de ontem ao Aeroporto Sá Carneiro, no Porto, João Paulo Peixoto disse à Agência Lusa que «isto de contar países começou há 20 anos».
«Sempre gostei de viajar, viajei sempre. Mas, tendo que marcar uma data, assinalo a viagem que fiz à Bielorrússia com uns amigos de Braga. Um dos amigos perguntou-me quantos países é que eu tinha. Eu não sabia que se contava países mas a partir daí comecei a fazê-lo», disse. O trabalho de professor permitiu-lhe «encaixar as viagens nas férias», e «foi uma espécie de bola de neve», mas com critério: «Comecei por visitar os 193 países reconhecidos pela ONU, procurei fazer viagens míticas, como da cidade do Cabo ao Cairo, fazer a Rota das Sedas, etc... e procurei variar de continente», contou.
Houve países onde esteve muitas vezes, outros em que esteve poucas. Houve países em que passou muito tempo, outros onde passou menos.
Tem três países preferidos: «A Índia, a Índia e a Índia. Pela cultura, pela comida, pela riqueza das pessoas, pelo estado de espírito e pela sua forma de estar», disse.
O país de que gostou menos – sem precisar de dois segundos
para pensar – foi o Congo. «É tribal, o ambiente é muito tenso, toda a gente engana toda a gente. Fui preso». Aliás, conta, foi «muitas vezes» preso «por polícias corruptos» ao longo do seu périplo.
Com boas ou más recordações do país há uma lista de coisas que traz sempre de cada viagem: «Um livro de fotografias, um livro com receitas, um CD com músicas típicas, uma peça de artesanato e todas as moedas e todas as notas do país», disse.
O professor contou ainda que tirou destas viagens «duas ou três» lições: «A primeira é sobre a importância de Portugal no mundo. Conhecem-nos em muitos locais e nós não temos consciência disso. Somos muito importantes», disse.
«A outra lição é que aquilo que normalmente vem nos jornais sobre países mais esquisitos longe daqui – como o Irão ou a Coreia do Norte – é fabricado ou é uma leitura errada das situações», acrescentou. É para «desmistificar» e esclarecer preconceitos que João Paulo Peixoto vai escrever o livro «Só sabe quem lá vai». «O que se escreve sobre esses países mais longe, menos conhecidos, não é verdade. E só quem lá vai é que sabe, e é isso que quero partilhar», explicou.
0 comentários:
Enviar um comentário