Minho: Autarquias tentam travar despovoamento


O despovoamento das freguesias mais rurais é uma realidade crescente em alguns concelhos do Minho e está a levar as Câmaras locais a adoptar medidas, muitas delas inéditas, para fixar as populações.

Vila Verde e Póvoa de Lanhoso criaram um conjunto de incentivos para apoiar os mais desfavorecidos e ajudá-los a manterem-se nas terras de origem.

São três histórias diferentes mas todas elas com um fio condutor: pessoas que preferem manter-se nos locais de nascimento a mudarem-se para freguesias mais urbanas. João e as filhas Jacinta e Rosinda estão a podar a vinha, em Duas Igrejas, Vila Verde. Aproveitam o sol para dar andamento a um trabalho do campo que, mais para o final do ano, lhe trará vinho novo. Jacinta é a filha mais nova, trabalha numa pastelaria/padaria, noutra freguesia rural de Vila Verde e aproveita as manhãs para ajudar em casa. O patriarca reconhece que "se vive uma crise sem precedentes e que, por isso, quem tem e sabe tratar dos campos pode ter aí um importante meio de sobrevivência".

Mais em cima, também pendurado numa árvore está Manuel Amorim, 79 anos, a viver com uma filha e um genro. "Vivo aqui, desde que nasci e enquanto puder vou continuar a fazer estes trabalhinhos".

Duas Igrejas é uma das freguesias mais peculiares de Vila Verde. A parte norte é mais rural, a parte sul mais desenvolvida. E é um dos exemplos apontados no novo plano de incentivos fiscais da Câmara. O Executivo aprovou, por unanimidade, a isenção total e parcial de taxas de construção aplicadas a um conjunto de freguesias mais afastadas dos grandes centros urbanos.

Uma medida apresentada pelo presidente a Câmara, José Manuel Fernandes, "como forma de inverter alguma tendência que aponta para o abandono demográfico e a sua descaracterização sócio-cultural e ambiental". O sector agrícola é o mais beneficiado, com isenção total em todos os casos de construção de novas infra-estruturas e equipamentos. No concelho da Póvoa de Lanhoso, a câmara tem 12 medidas sociais de apoio às famílias e à economia local que passam pelo subsídio de arrendamento a estratos sociais desfavorecidos, redução das taxas de IMI, reforço da acção social escolar, congelamento das actualizações do custo da água, redução dos prazos médios de pagamento aos fornecedores e a criação de cartões municipais.

As amigas Carla, Rute e Sónia desistiram de alugar um apartamento no centro da cidade de Braga e optaram por voltar a fazer o percurso entre a Póvoa de Lanhoso e a Universidade do Minho: "fica mais barato e assim também não perdemos as nossas raízes". Criaram uma escala de transportes, fazendo com que cada uma traga o carro apenas durante uma semana, poupa dinheiro e conseguem também mais incentivos camarários. Fonte JN por Pedro Antunes Pereira

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