Lage: Os ‘encantadores’ de cavalos


O silêncio e a tranquilidade fazem voar o tempo. Deixam correr o momento ao som de uma música onde os ritmos são controlados pelos ‘encantadores’ de cavalos que transformam o picadeiro numa espécie de palco. Um bailado sem pressas nem ânsia de terminar, onde os passos são dados com a elegância de um galope. O palco de uma autêntica arte ensinada numa academia onde o cavalo lusitano é rei.


Tranquilidade, elegância, rigor, terapia, bem estar e, acima de tudo, paixão pelos cavalos. É assim o ambiente na Academia Equestre Arte Lusitana, na freguesia de Lage, em Vila Verde. Um espaço onde o cavalo puro lusitano é o centro das atenções e onde a calma de espírito parece fazer milagres.
Aqui o templo flui ao sabor das rêdeas e as horas passam a passo e passo. Uma magia que cativa miúdos e graúdos e faz pulsar a cada passo o coração do mentor do projecto iniciado há cinco anos, o cavaleiro Rui Vaz, que se define um “eterno apaixonado” pelos puros lusitanos.
Diariamente, o picadeiro da academia transforma-se no cenário de sonho para dezenas de crianças que frequentam as aulas de equitação sob o olhar atento do ‘castanho’, um dos cavalos treinados na escola para as aulas e talvez o mais famoso de todos entre os mais pequenos.
“Gosto muito do ‘castanho’”, conta o Lucas, de seis anos.

Alguns meses depois da primeira experiência em equitação, confessa que o medo já passou e agora até gostaria de passar mais tempo na academia, entre os animais. A tal paixão que vai sendo transmitida pelo professor aos alunos e que os leva a esperar, “ansiosamente” - como conta o Lucas - pelo dia de aula.
“No início tinha medo de todos os animais, até de aranhas. Agora adora. Já anda muito bem e até se põe em cima do cavalo e ajuda a limpá-lo”, revela a mãe, Manuela Costa, também ela aluna da academia.

Segundo explicou, a ideia da equitação surgiu com o objectivo de fazer com que o filho “conseguisse vencer algumas fobias e medos”, uma meta que diz ter já sido alcançada: “aula após aula, semana após semana, os resultados tornaram-se visíveis e, não só o ajudou a resolver essas questões, como também em termos de auto-estima e capacidade de concentração houve uma evolução muito positiva”.
Para Manuela Costa, as vantagens terapêuticas da equitação são uma das mais valias para quem está a aprender a montar a cavalo, sobretudo em termos de auto-estima. No caso do Lucas, a insegurança inicial foi afastada a cada trote do ‘castanho’, deixando para trás grande parte dos medos de infância.

Como aluna, Manuela Costa diz ter sido “conquistada pela equitação e pelo projecto educativo” da academia, “uma escola em que o rigor e a beleza equestre caminham lado a lado”. “Há um ano lectivo equestre perfeitamente definido, com demonstração e avaliação de resultados no final do primeiro e segundo período e uma gala equestre no final do ano, onde os alunos têm oportunidade de mostrar o que aprenderam”, referiu. A aluna salienta ainda o facto da quinta “permitir aos nossos filhos o contacto com a natureza e a possibilidade de o fazerem em liberdade e segurança. É um espaço de socialização por excelência, tanto para filhos como para os pais”.

Ao Lucas juntam-se outros tantos casos de crianças que venceram certas fobias através do contacto com os cavalos nas aulas da academia. Um dos alunos, lembrou Manuela Costa, até tinha medo das alturas.
Quem costuma também esperar pelas aulas ansiosamente é o João e o irmão Eduardo, de 11 e 14 anos, respectivamente. O mais novo conta que “sempre” gostou de cavalos e, depois de ter começado a montar no Verão, “trouxe o meu irmão a reboque”.
Gosto muito porque os cavalos sentem se nós estamos bem ou se não estamos bem. E quando ando a cavalo sinto-me bem. Da primeira vez tive algum receio de cair, mas depois passou. Começei a ganhar confiança”, contou ao Correio do Minho o João.

Quando sobe para o ‘castanho’, o Eduardo diz que o principal é ter confiança: “tive um certo receio de cair e de ele me atirar. Mas tem que haver uma confiança mútua. Nota-se que ele também fica mais descontraído”.
Lembrando que é também necessário “muita concentração e descontracção”, o Eduardo confessa que o que mais gosta “é a interacção com o animal”.
É esta interacção que tem cativado a Ana, de 13 anos. Aluna atenta às instruções do professor, ficou ligada à equitação depois da primeira volta de experiência no ‘castanho’ quando se inscreveu nas aulas, há pouco mais de um mês. “Sinto-me segura no cavalo. Sinto-me bem, distraio-me das coisas, não se pensa em quase nada quando se está lá em cima”, frisou com um sorriso. Fonte Correio do Minho por Joana Russo Belo

1 comentários:

Anónimo disse...

Também sou um apaixonado pelos cavalos. Vou com frequência à Academia, é surpreendente a cultura equestre que se vive neste espaço único. Maravilhoso picadeiro, eu diria, nobre sala equestre. Parabéns ao seu mentor, o Dr.Rui Vaz e a seu pai o Sr. António Vaz (recentemente falecido), que tive o privilégio de o conhecer e com ele privar, um Homem sábio, com um conhecimento vasto em todos os dominios, quem teve o prazer de o conhecer sabe daquilo que estou a falar. O Céu podia esperar mais um bocado. Força prof. Rui, eleve a sua arte com glória num bailado sem pressas, com a elegância de um galope deste poema em construção