Minho: Evitar incêndios produzindo energia



A construção de uma central bioeléctrica de biomassa na confluência dos concelhos de Barcelos, Vila Verde e Ponte de Lima poderá ser uma realidade a médio prazo. Para o efeito foram apresentadas duas candidaturas a concurso. José Manuel Lobato, da Associação dos Agricultores do distrito de Braga, considera que a estrutura traria alguns benefícios à região, nomeadamente ao nível da produção de energia e da redução dos fogos florestais.

Ainda nada está decidido e das duas propostas existentes, José Manuel Lobato sublinha a possibilidade de nenhuma poder vir a ser escolhida. “Se as empresas concorrentes não preencherem os requisitos estipulados, poderão ser excluídas deste concurso para a construção de uma central de biomassa, espero que não seja o caso, porque atrasaria todo o processo”. O prazo para a entrega de candidaturas já foi concluído, estando agora as propostas a ser estudadas. Esta é uma infra-estrutura que, a ser construída, será financiada pela União Europeia. “Independentemente da sua localização, o certo é que para que as empresas apresentassem a sua candidatura tiveram de fazer já um levantamento dos proprietários florestais e dos baldios. Uma forma de quantificar os resíduos existentes para serem queimados. Foi só um levantamento e não um compromisso. Numa segunda fase terá que ser feita uma negociação para o fornecimento desse mesmo material”, alertou José Manuel Lobato que sublinhou ainda o facto de “isto não é a galinha dos ovos de ouro para os proprietários. Aliás, se estas centrais derem uma garantia de limpeza nas nossas matas e diminuir significativamente o número de fogos, é já um passo muito positivo”.
O presidente da Associação de Agricultores do distrito de Braga preferiu não revelar qual a localização ideal para a central de biomassa referindo apenas que “já que poderá ser construída uma dessa centrais no Norte isso já é muito bom”.

Central de biomassa

O único exemplo em Portugal de produção de electricidade utilizando como principal combustível a biomassa é a Central Termoeléctrica de Mortágua, localizada na zona Centro do País, na margem direita da albufeira da Aguieira.
A Central Termoeléctrica de Mortágua começou a operar em Agosto de 1999, estando projectada para o escoamento de cerca de 80.000 toneladas/ ano resíduos florestais queimados numa caldeira de 33MWth (megawatts térmicas). Em 2002, esta central consumiu cerca de 70.000 toneladas de Biomassa e, em 2003 o consumo foi superior a 80.000 toneladas.
A Central tem uma potência instalada de 10 MVA (mega volts amperes) – 9 MW (megawatts) e foi projectada para entregar à rede de distribuição de energia eléctrica cerca de 60 GWh (gigawatts hora) por ano, permitindo abastecer uma população na ordem dos 35 mil habitantes.
De acordo com estudos desenvolvidos, cresce anualmente um quilo e meio de biomassa por metro quadrado. Será razoável admitir que um terço pode ser retirada da floresta e a seguir queimada numa Central Termoeléctrica para produzir electricidade e permitir o pleno desenvolvimento dos restantes dois terços que constitui a floresta.
A Central exige um investimento de cerca de 12 milhões de euros e pode vender para a Rede Eléctrica, anualmente, 4,620 milhões de euros, o que a torna economicamente interessante. Fonte Jornal Regional por Susana Caravana

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