Dor, impotência e, sobretudo, revolta. Um turbilhão de emoções continuava estampado, ontem, no rosto de Jorge Nogueira que viu o irmão morrer pouco depois de ter tido alta hospitalar do hospital de S. Marcos, em Braga. Inconformado com o que equaciona poder tratar-se de "negligência médica", Jorge Nogueira avisa que a família vai "levar o caso até às últimas consequências".
"Por ele já não podemos fazer mais nada, mas é a pensar no próximo, para que não tenha o tratamento do meu irmão", acusa.
Tudo aconteceu no passado sábado, na freguesia de Cabanelas - Vila Verde - depois do encontro dos quartos-de-final do mundial de futebol entre Portugal e Inglaterra "Ele foi ver o jogo ao salão paroquial da freguesia e, no final, sentiu-se mal. Tinha arrepios e frio. Chamaram a ambulância e seguiu para o S. Marcos", conta, comovido, o irmão que o levou para casa, depois de ter sido visto "por uma médica espanhola".
José Domingos da Silva Nogueira sofria de "cardiopatia dilatada" e vai a enterrar ao final da tarde de hoje, no dia em que completaria 40 anos. Estava em tratamento prolongado na Clipóvoa e no Hospital de S. João, no Porto. No S. Marcos, esteve acompanhado da mulher que, segundo o irmão da vítima, terá "contado todo o historial clínico dele, inclusivamente disse os medicamento que ele estava a tomar. A médica disse que lhe iriam fazer umas análises, mas o que é certo é que o puseram a soro e mandaram-no embora, assim mesmo", conta Jorge Nogueira.
Abatido
A alta hospitalar chegou por volta das 23 horas e José sobreviveu menos de uma hora. Morreu em casa, pouco depois de ter saído do hospital. "Ainda vejo a imagem dele a entrar em casa, um bocado abatido, por volta das onze e vinte da noite", recorda Jorge Nogueira, que não entende "como é que lhe diagnosticaram uma má disposição e ele morre 45 minutos depois de o mandarem para casa?" Uma pergunta à qual ainda não há resposta, no entanto, Jorge Nogueira sempre vai dizendo que considera que "o caso foi muito mal conduzido, porque qualquer pessoa que tem problemas de coração, no mínimo, quando chega a um hospital, deve ser-lhe feito um electrocardiograma".
Averiguações
Ao JN, a directora clínica do Hospital S. Marcos, Anabela Correia, sublinha que a família não fez qualquer exposição junto do gabinete do utente, "como é habitual nestes casos", no entanto, informa "Quando isso acontecer, camos proceder como habitualmente, abrindo um inquérito de avaliação do caso". Fonte JN por Liliana Rodrigues
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