Mundo: Investigador vilaverdense revela efeitos de flores naturais no combate a infeções (via Terras do Homem)


Fungo "Candida albicans"


O jovem investigador universitário vilaverdense Carlos Tiago Alves foi convidado a participar numa conferência científica mundial, nos EUA, para apresentar um estudo sobre o efeito de extratos de flores do Nordeste de Portugal no combate a fungos, nomeadamente a espécies ‘Candida’ – associada a alguns tipos de infeção oral e vaginal nos seres humanos.

A apresentação do trabalho e dos resultados positivos da investigação teve lugar na 11ª Conferência Mundial ‘Candida e Candidiases’, organizada pela da Sociedade Americana de Microbiologia (ASM), e que decorreu no mês passado em San Francisco, Califórnia.

Atualmente a tentar desvendar novos conhecimentos na coinfeção causada por espécies clínicas de ‘Candida’ e os seus fatores de virulência associados (propriedades que as tornam patogénicas), no âmbito da elaboração de tese de doutoramento, Carlos Tiago Alves desenvolveu um trabalho intitulado  ‘Extratos naturais de flores do Nordeste de Portugal utilizados na medicina tradicional Portuguesa como novos agentes antifúngicos contra espécies de Candida’.

Este trabalho permitiu já publicar um artigo na revista internacional ‘Industrial Crops and Products’, sob o título ‘Atividade antifúngica e caracterização química detalhada de extratos fenólicos de Esteva –Cistusladanifer’.

Conforme explica Carlos Tiago Alves, “as espécies de ‘Candida’ fazem parte da normal flora dos indivíduos saudáveis, contudo podem tornar-se importantes agentes patogénicos e geradores de doenças, sendo particularmente evidente em indivíduos transplantados ou em condições em que o seu sistema imunitário está deficitário – como pacientes cateterizados, com colocação de próteses, bebés prematuros e indivíduos com o vírus da SIDA”.

Nos Estados Unidos da América, estas espécies encontram-se no 4º lugar da causa mais comum das infeções nosocomiais (infeções adquiridas à posteriori nos hospitais), à qual é atribuída uma taxa de mortalidade de 35%. Em todo o mundo, aproximadamente 70% das mulheres tem uma experiência de infeção vaginal causada por espécies de ‘Candida’ (candidíase) e cerca de 20% sofrem dessa infeção recorrentemente.

Segundo o investigador universitário, “embora a maioria dos casos de candidíases seja atribuída à espécie ‘Candida albicans’, mais recentemente novas espécies têm sido identificadas como patogénicas”, como por exemplo a ‘Candida glabrata’, ‘Candida parapsilosis’ e a ‘Candida glabrata’. Em 1980, 68% das candidíases eram causados pela ‘C. albicans’, mas, em 2006, 60% dessas infeções já eram causadas pelas ‘Candida não albicans’ (NCAC).

Face à tendência das ‘Candida’ serem cada vez menos suscetíveis aos antifúngicos atuais, nos últimos anos tem aumentado o interesse no estudo de compostos naturais, especificamente alguns extratos fenólicos, que têm algumas propriedades antimicrobianas previamente conhecidas.

É nesse contexto que o jovem vilaverdense Carlos Tiago Alves desenvolveu uma avaliação do potencial antifúngico de extratos fenólicos de ‘Castaneasativa’, ‘Filipendulaulmaria’ e ‘Rosamicrantha’, flores do Nordestede Portugal, normalmente utilizadas na medicina tradicional Portuguesa para o tratamento de infeções superficiais (irritação na pele e mucosas).

Em termos de perspetiva de trabalho futuro, a investigação do jovem vilaverdense permitiu revelar “o importante efeito antifúngico demonstrado in vitro da ‘C. sativa, F. ulmaria and R. micrantha’”, sugerindo que “eles possam servir como uma importante fonte de compostos naturais com potencial terapêutico contra as infeções causadas pelas espécies de ‘Candida’”.

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