Amares: Freguesia Fiscal mantém tradição da travessia de barco do rio Homem


A paróquia de Fiscal, Amares, mantém, amanhã, o tradicional atravessamento de barco do rio Homem, levando o sacerdote com a cruz de Cristo para que toda a freguesia a possa beijar.

A freguesia está dividida pelo rio, - um afluente do Cávado que nasce na serra do Gerês -, pelo que, para que todas as famílias possam beijar a cruz em suas casas, o Compasso tem que atravessar o rio de barco, apesar de já haver uma ponte no local.

Os barcos levam, também, os membros da banda de música local, cuja presença é essencial num dia de alegria, o da Ressurreição de Jesus Cristo.

O ritual, cuja origem remonta a séculos atrás, tem sido mantido pelo padre e pelo mordomo da paróquia, apesar de serem poucos os cristãos que moram na outra margem do rio Homem.

De ano para ano, os cinco barcos são guardados debaixo de água, a fim de que as madeiras se conservem. Umas semanas antes são retirados do fundo do rio para secarem até ao dia da saída da cruz.

A organização da travessia fica entregue a uma família da freguesia que trata de tudo, incluindo a recolha de fundos para a festa, que atrai centenas de pessoas ao local.

No Vale do Homem, que abrange os concelhos de Vila Verde, Amares e Terras de Bouro, há outras tradições que se mantêm, como a de lançar cascas ao rio para prevenir dores de cabeça.

Na noite de Páscoa, centenas de pessoas acorrerem à velha ponte filipina sobre o rio Cávado para comer um ovo cozido, quando soam as badaladas da meia-noite, atirando as cascas ao curso de água, para deixarem de ter dores de cabeça.

Em todo o distrito de Braga, os compassos com a Cruz, os sinetas e as bandas de musica percorrem os caminhos de cada freguesia - urbanas e rurais - para levar a cruz a beijar em todas as casas, numa romaria que se estende à segunda-feira seguinte e ao domingo de Pascoela, uma semana depois do domingo de Páscoa.

No dia anterior à passagem da Cruz, as pessoas atapetam as ruas e os caminhos com bolotas e flores.

Depois de beijarem a cruz, os proprietários da casa convidam o pároco e os mordomos a sentarem-se, oferecendo-lhes os acepipes de uma mesa ,farta onde nunca faltam o pão-de-ló, os doces da romaria, o vinho do Porto e o vinho verde.

A cerimónia termina com a entrega de um 'folar' ao pároco (outrora em bens alimentícios ou animais mas actualmente em dinheiro num sobrescrito fechado), bem como outras esmolas para as Almas e para as 'obras do Senhor'. Fonte Correio do Minho

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