No próximo fim de semana (12 e 13 de novembro) vai realizar-se uma das atividades rurais mais carismáticas e que marca a entrada na estação fria: a matança do porco. Vai acontecer na freguesia da Lage e divide-se em dois dias: no sábado, o sacrifício do animal; no domingo, a partilha das suas partes com uma rojoada coletiva. A atividade vai ser ainda animada por música popular, concertinas e cantares ao desafio, para além de outros petiscos e um magusto a encerrar. Esta é mais uma iniciativa inserida Na Rota das Colheitas.
Quem quiser viver uma atividade genuinamente rural e que marca a entrada na estação mais agreste do ano, tem que vir este fim de semana à freguesia da Lage, em Vila Verde.
A matança do porco é um dos atos mais emblemáticas da época das colheitas. O porco é considerado um animal substancial e antigamente era criado e morto para alimentar uma família numerosa inteira, garantindo uma ingestão calórica à altura para suportar a exigência do frio e da lida na lavoura. “No porco aproveita-se tudo! Nada se deita fora”, dizem os antigos.
A recriação da Matança deste sábado pretende reeditar uma tradição que ainda se vive nas freguesias mais rurais do concelho. “Vai ser sacrificada uma porca, por isso chamamos antes ‘A Matança da Seba’ ou da ‘Fêvera’”, afirma o presidente da Junta de Freguesia da Lage, o Enfermeiro Carlos Pedro e principal dinamizador da organização da atividade.
A matança da Seba acontecerá numa propriedade privada no Lugar da Goja, na Lage, e vai começar às 16H. Haverá placas indicativas do local na freguesia. Após a morte do animal, que fica consumada com o golpe de misericórdia na garganta e sangramento do bicho, segue-se a queima dos pelos e retalho da carcaça onde todas as partes e órgãos são aproveitados.
Pelas 18H arranca a animação com as concertinas e os cantares ao desafio, enquanto o público afaga o estômago com petiscos e as ‘ressuscitadas’ Sopas de Cavalo Cansado, outra tradição antiga.
No dia seguinte come-se as entranhas da ‘Fevera’ com uma monumental Rojoada, que arranca pelas 12H, desta vez no Monte de Sta. Helena. Pela tarde (15H), Maria Celeste e sua Banda vão puxar o público para o bailarico e logo depois vai acontecer um Magusto Típico, com castanhas assadas, vinho verde e muita cara surrada de fuligem dos restos da fogueira-assadora. “Só esperamos que S. Pedro ajude”, desabafou o presidente da Junta da Lage.
A Matança do Porco era um momento importante nas aldeias, juntando gentes de toda a freguesia e especialistas para liderar todo o ritual de sacrifício do animal. Uma das lembranças mais marcantes nos antigos, e que ainda se ouve e sente passando em certas localidades nesta altura do ano, é o grunhido aflito do animal e o cheiro a queimado da penugem corporal.
0 comentários:
Enviar um comentário