Prado: Escola mantém viva tradição das concertinas


Para tocar concertina, há uma mão que toca e outra que manuseia o fole. "O pior é coordená-las", confessa o presidente do Centro de Convívio e Cultura da Vila de Prado (CCCVP), Manuel Gonçalves, que integra o grupo de sete que frequenta um curso de concertinas, iniciado no final do ano passado. O instrumento, típico e apreciado no Minho, continua a conquistar aprendizes. Organizado pelo centro cultural, é, durante uma hora "que passa a correr", que os novos tocadores aprendem os mistérios da arte, através dos ensinamentos de um local, Serafim "o Músico", assim apelidado por acumular as actuações com o ensino informal, um pouco por toda a região. A maioria dos elementos da primeira "turma" não é propriamente jovem, mas tem muita vontade. "Vou até ao fim. Quero mesmo aprender a tocar", diz Manuel Faria, de 48 anos.

A persistência prova a afirmação "Antes de vir, estive a treinar. Andamos a aprender música popular da Rosinha e quero mostrar ao professor que fiz os trabalhos de casa. E hoje ainda vou treinar mais um bocadinho", acrescenta. Constantino Gonçalves, secretário do CCCVP e coordenador do Sindicato dos Metalúrgicos, ri-se. Entrou no curso para experimentar e, pese embora a falta de tempo, diverte-se.

"Se sair, tenho o meu sucessor o meu filho, que também está a aprender. Com esta idade (58 anos) também não é tão fácil aprender de ouvido como quando se é jovem", admite. Mesmo assim, o grupo pode alargar e ter mais horas de aprendizagem. Por enquanto, as aulas são às quartas à noite, na Junta, mas todos gostariam que o curso passasse a ser duas vezes por semana.

O mais novo do grupo tem seis anos. O instrumento ainda parece conseguir conquistar as novas gerações. "Quando dizem que está em extinção, não acredito. Há muita gente que quer aprender e, por vezes, não tem é onde. As escolas de música regulares não são acessíveis para todos", explica Manuel Gonçalves.


O inventor

A concertina é um instrumento musical inventado no ano de 1829 por Carlos Wheaststone, sendo também designado por harmónico ou harmónica. Trata-se de um acordeão primitivo - diatónico, isto é, com dois sons transmitidos pelo movimento de foles, um quando entra o ar, outro quando sai.


Chegada a Portugal

Aquele instrumento musical terá chegado a Portugal nos finais do século XIX, ao Douro. Os mais simples, os harmónicos, foram os primeiros e tinham apenas dez botões, na caixa principal (a da mão direita) e emitiam 20 sons diferentes, dez a distender e outros dez a fechar o fole, ou seja, um som para cada lado, o mesmo sistema da gaita de beiços.


Mais modernas

As concertinas mais modernas apresentam características mais completas das que inicialmente chegaram ao nosso país, existindo, actualmente, modelos afinados em dois e três tonalidades que permitem, não só fazer modelações, mas também cantar em duas ou três tonalidades, usando-se um só instrumento.

Cantares ao desafio

No Minho, a concertina (conhecida por harmónio e Sol-e-dó) acompanha um género de danças e cantares ao desafio. Extrovertidos e alegres, esses cantares são de temática essencialmente amorosa ou satírica. Apesar de cada instrumento custar cerca de 1500 euros, só em (Alto Cávado), existem duas escolas. Vila VerdeFonte JN por Denisa Sousa

3 comentários:

Anónimo disse...

Parabens Sr Pires por mais um texto que o dignifica. Bem haja.

Anónimo disse...

Super ton message Mr VilaVerde
J'avais écris un teste sur le Cantares ao desafio sur ce blog

http://portupriveclub.canalblog.com/archives/2006/04/28/2150981.html#comments

Elisabeth

Pires disse...

Este Texto não é da minha autoria mas sim da Srª Denisa Sousa, jornalista do JN.

Mas já agora em nome dela obrigado pelos elogios.