Marta Peixoto era ontem de manhã o rosto do desalento. Às portas do Hospital de Braga, a jovem residente em Moure, Vila Verde, tinha agendada uma cirurgia que acabou por ser adiada devido à greve dos médicos e não escondia o descontentamento pelo transtorno que isso que lhe causou.
“Ligaram-me ontem (terça-feira) a confirmar a cirurgia e hoje chego aqui às oito da manhã para, por volta das dez horas, me mandarem embora porque não havia médico anestesista”, contou ao ‘Correio do Minho’.
Marta Peixoto precisa de ser submetida a uma intervenção cirúrgica do foro ginecológico e tem agora de aguardar que “por telefone ou por carta” o Hospital de Braga lhe comunique a nova data. “Os médicos da Ginecologia estavam de serviço, mas não estavam a operar porque faltavam anestesistas. Foram adiadas mais operações por causa disso”, contou a jovem que teve de faltar ao trabalho para se deslocar ao hospital.
“Eu não tenho nada contra a greve. É um direito de todos, mas não deviam era prejudicar tanto as pessoas. Eu estou a perder um dia de trabalho e o meu marido uma semana. Ele trabalha no Alentejo e esta semana ficou cá para tomar conta das crianças. Já viram o transtorno e o que ficamos a perder com esta greve?”, questionava sem esconder o sentimento de revolta.
Também Custódia Ferreira tinha ontem uma consulta marcada com um anestesista, que acabou por se realizar. Com uma intervenção cirúrgica marcada para hoje, às 10 horas, esta bracarense está na expectativa. “A minha consulta era para preparar a operação. Amanhã (hoje) venho na mesma, apesar da greve, mas não sei se vou ter sorte, porque mesmo que haja médicos para fazer a operação, sem anestesia ninguém faz nada”, contou esta moradora em Ferreiros que se mostra compreensível sobre os motivos inerentes a esta greve: “é um direito dos médicos fazer greve, mas é muito chato todo este transtorno que causa nos doentes e o prejuízo que dá ao país, porque muitas pessoas faltam ao trabalho para virem à consulta”.
Utentes entendem a greve
Já Maria Silva, residente em Ferreiros, Braga, tinha agendada uma consulta de Estomatologia . Voltou para casa sem ser vista pelo especialista. “Vim às consultas externas, mas disseram-me na secretaria para ir embora porque o médico fez greve”, contou esta utente que foi apanhada completamente de surpresa pela paralisação dos médicos. “Não ouvi falar de nada. Só quando vinha para cá é que me disseram que os médicos estavam a fazer greve. Agora vou esperar que me marquem uma consulta nova”, contou, confessando que o adiamento lhe lhe tinha causado muito transtorno uma vez que é desempregada. Maria Silva espera, porém, que a consulta seja remarcada para breve, porque já estava agendada desde Janeiro.
De Freiriz, Vila Verde, António Silva também saiu ontem do Hospital de Braga sem ser vista pelo médico. “Vim a uma consulta com o anestesista, porque vou ser internado para uma operação cirúrgica na sexta-feira”, contou, revelando que a viagem não foi em vão: “não tive consulta com o anestesista, mas fiz um exame ao toráx que também faz falta para a operação”.
Rosa Pinto, de Mire de Tibães, Braga, foi outra das utentes que voltou para casa sem ser vista por um médico. “Tinha marcada uma consulta de oftalmologia que ficou adiada”, conta, revelando que se apercebeu que havia clínicos da especialidade a consultar. “Houve quem tivesse consulta, o meu médico é que fez greve”, referiu conformada e aguardando agora que lhe seja comunicada a data da nova consulta.
0 comentários:
Enviar um comentário