Portugal: Histórias de um Portugal criativo a dar a volta à crise (via Ag. Financeira)



Certamente já ouviu falar do portal Escolinhas, ou do canal 180 da Zon ou mesmo do site de notícias Porto 24, mas o que provavelmente não sabe é que nasceram no Pólo de Indústrias Criativas da Universidade do Porto (Pinc). E se o nome Jump Willy não lhe diz nada, acrescentamos que um dos fundadores foi distinguido pela União Europeia com o prémio «Young European Creative Talent» e a empresa está incubada na Universidade Católica do Porto, somando contratos e sucessos a fazer bandas sonoras para filmes e documentários . O nome «Around Knowledge» também lhe poderá parecer estranho, mas o certo é que ganhou o prémio MIT em 2011 e, para além de estar incubada na InSerralves com 26 pessoas, está também em Silicon Valley e em Boston. Ideias criativas que ganharam pernas para andar.

Nos últimos anos a região Norte assumiu-se como centro das Indústrias Criativas e, das incubadoras das universidades, de privados e da Fundação de Serralves, têm saído projetos e empresas com muita vontade de crescer. Esta quarta-feira nasceu mais uma em S. João da Madeira, a «OLIVA Creative Factory», o que perfaz um total de 12 incubadoras criativas no norte. Mas o fenómeno é um pouco transversal a todo o País. Porque os portugueses são empreendedores e criativos, sim, mas também porque é uma forma de contornar o desemprego jovem.

«Vendo-se com menos alternativas no mercado de trabalho, os jovens e até alguns desempregados vêm nesta via uma forma de entrar no mercado, mas com menos riscos e com apoio», explica Eduardo Luís Cardoso, responsável pela incubadora da Católica do Porto, a SpinLogic.

O surgimento de tantas incubadoras «é uma tentativa de resposta à crise, agora se há espaço para tantas o tempo o dirá», sublinha Fátima São Simão, responsável pelo Pinc. «O nosso caso é bem-sucedido, nascemos em 2007 e, no espaço de cinco anos, temos 112 projetos em carteira», acrescenta. Aqui fervilham ideias e não se fecham portas.

A InSerralves foi das primeiras incubadoras de empresas criativas a nascer e o responsável, Paulo Alves, não tem dúvidas: «Cada vez aparecem mais porque se percebe que, nesta altura, a solução é ser empreendedor. Mas é um empreendedorismo por necessidade». A prova disso é o facto de, este ano, o Prémio Nacional das Indústrias Criativas tido três ou quatro vezes mais candidaturas do que o normal. «Os candidatos exemplificam bem a atual conjuntura, são jovens sem emprego e pessoas desempregadas qualificadas».

Porquê incubar? 

A psicóloga Inês Pinto Cardoso, uma das fundadoras da empresa «Pari Passu», traduz em poucas palavras o que significa estar na incubadora SpinLogic: «Entramos numa ecologia de inovação e isto é um ciclo vicioso, ideias inovadoras dão origem a mais ideias inovadoras». «Encaro isto como a cereja no topo do bolo. Temos o apoio dos professores, conseguimos promover ideias conjuntas e fazer parcerias com outras incubadas, com os consultores internos e com as empresas deles», acrescenta.

Sílvia Tundidor é designer de interiores e, em conjunto com o Ricardo, engenheiro informático, decidiram recorrer ao Pinc para lançar a marca Tusse com um objectivo bem definido: internacionalizar. A Tusse caracteriza-se por obras de arte que são também peças de mobiliário (ou vice-versa). E, com apenas nove meses de existência, são unânimes: «Tem sido fantástico e estar incubado traz vantagens». Atualmente estão em nichos de mercado na Suécia e na Rússia, já têm um agente nos EUA e decorrem negociações no México.

Os fundadores da Movelife também garantem que muito em breve vão ouvir falar deste nome. Para já estão na fase de pré-incubação na SpinLogic, mas o passo seguinte passa por apresentar o produto que estão a desenvolver. «Um software de nutrição que permitirá ao setor da restauração fornecer a informação nutricional (por exemplo se um prato é rico em ómega 3 ou se tem pouco colesterol) », explicam Cláudia Torres, nutricionista, e Ricardo Baptista, engenheiro e gestor industrial.


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