
Manuel Queirós é presidente da Junta de Freguesia de Marrancos há 14 anos. Foi eleito nas últimas eleições autárquicas pelas cores do Partido Social-democrata Sabendo de antemão que, por força da lei que limita o número de mandatos possíveis para presidentes de Junta, deixará o cargo dentro de dois anos, este autarca define como grande prioridade para a sua freguesia a conclusão da rede de saneamento pública e a sua entrada em funcionamento. O Museu do Linho – com construção prevista naquela localidade – seria outra obra que, no entender do autarca, iria de encontro aos superiores interesses da freguesia.
Terras do Homem: Tendo em conta que apenas restam dois anos até ao final do presente mandato, qual a grande prioridade que definiu para a freguesia de Marrancos?
Manuel Queirós: Sem dúvida que a obra mais importante é a do saneamento. Como baluarte, temos parte da estrutura executada, mas gostávamos de ver a restante rede instalada e interligada. Actualmente, ao longo da estrada nacional já toda a freguesia é atravessada pela rede de saneamento, faltando ligar cada lugar ao ramal ou colector principal.
TH: E como avalia o desenvolvimento dessa questão?
MQ: Segundo as informações que tenho, está em andamento o processo que levará à construção da ETAR a que será ligada esta rede. Creio que, até final do mandato, estará tudo em funcionamento.
TH: Que outros empreendimentos gostaria de ver executados até 2013?
MQ: No ano passado, lançámos uma proposta que recebeu bom acolhimento junto da Câmara Municipal, que se prendia com a construção de um Museu do Linho, aqui na freguesia. Há uns bons 15 anos que temos feito as ‘espadeladas’ anuais de linho e, recentemente, esta iniciativa até foi incluída na ‘Rota das Colheitas’, algo que vem reforçar esse desejo e, de certa forma, justificá-lo e dar-lhe outra notoriedade. Têm sido iniciativas muito participadas e queremos cuidar, cada vez mais, da programação desse evento.
TH: Essas iniciativas, em conjunto com a construção do Museu do Linho, poderiam levar a uma maior associação da freguesia de Marrancos com as técnicas antepassadas do trabalho do linho?
MQ: Acredito que sim. O próprio concelho acabaria por ser mais fortemente associado à produção do linho, uma vez que este seria um museu único na região. Por aqui poderiam passar alunos de diversos cursos ligados à área têxtil, para se inteirarem da evolução histórica dos métodos de tratamento do linho, desde a sementeira, à colheita, ao apuramento, ao tratamento ou ao tecido.
TH: Ao nível das vias de circulação, no interior da freguesia, como se encontra Marrancos?
MQ: Desde o primeiro ano, que a nossa equipa se focou na actualização, modernização e requalificação das vias de comunicação no interior da freguesia. Esse foi, aliás, um dos propósitos que nos levou a assumir este desafio. Não temos auto-estradas obviamente, mas as estradas que temos estão devidamente pavimentadas, sinalizadas, identificadas, iluminadas, com escoamentos pluviais. Não têm luxos, mas estão adequadamente requalificadas. Não há uma única habitação que não tenha acessos decentes.
“Muitas pequenas e grandes obras que nos orgulham…”
TH: Olhando para trás, qual a obra mais importante que considera deixar à freguesia?
MQ: Talvez tenha sido a ampliação do cemitério. Trata-se de uma obra emblemática, uma obra geracional que, esperamos nós, perdure para muitas décadas. O resultado final é muito positivo e correspondeu aos anseios.
Para além desta, podemos citar o abastecimento de água pública. A primeira em que nos empenhámos fortemente e cujos resultados são visíveis. O saneamento, por sua vez, seria a cereja no topo do bolo. Seria o culminar da resolução dos problemas essenciais da vida dos habitantes desta freguesia.
Esta moderna sede de Junta de Freguesia foi, também ela, construída no final do segundo mandato e resultou de uma candidatura realizada no âmbito do programa de modernização administrativa, com financiamento resultante dessa candidatura. Para além de sede de Junta de Freguesia, funciona também como um verdadeiro centro cívico, uma vez que aqui são dadas aulas de música, de guitarra, ministradas formações na área da informática e, ainda, acolhe reuniões de colectividades diversas.
TH: Ao longo destes quatro mandatos, houve alguma obra que se tenha arrependido de fazer? Se fosse hoje, mudaria alguma das obras que fez na freguesia?
MQ: Não. De momento, não me ocorre nenhuma.
TH: Concorda com a lei que limita o número de mandatos possíveis para os presidentes de Junta de Freguesia?
MQ: Concordo. É uma forma de se introduzir algum sangue fresco no exercício autárquico. Não será a forma mais adequada. Mas estando regulamentado, as pessoas da oposição, assim como as que ocupam estes cargos, posicionar-se-ão mais activamente. Caso contrário, quem já cá está goza de um poder de informação que os demais não têm e dificilmente são derrotados.
Agora, também sabemos que não foi para isso que a lei foi criada, mas tão somente para acabar com o abuso de poder de determinados autarcas. Serve para ambas as coisas. Mas, no meu ponto de vista, é positiva a ideia, conforme medida de prevenção.
TH: Qual a sensação ou o sentimento que o invade de momento, ao saber que estes são os dois últimos anos enquanto presidente de Junta de Freguesia de Marrancos? Algum tipo de tristeza? Vai sentir saudades?
MQ: Tristeza não direi. Saudades talvez, embora estejamos sempre próximos e com capacidade para ajudar a freguesia. Acima de tudo, saímos com o sentimento de dever cumprido e de que muito fizemos pela freguesia, muitas pequenas e grandes obras que nos orgulham e nos dão a certeza que fizemos o nosso melhor.
TH: Acha que poderá continuar ligado, de alguma forma, à vida autárquica?
MQ: Não sei, para já não faço ideia.
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