A população de Aboim da Nóbrega, Vila Verde, está indignada com as obras em curso na Igreja Paroquial, que está a ser rebocada com argamassa de cimento, tapando completamente a sua estrutura granítica. Os populares consideram as obras um verdadeiro “atentado ao património”.
Ontem de manhã, a população juntou-se junto da igreja e até o sino tocou a repique em sinal de protesto contra esta intervenção com vista a impedir a continuidade das obras. Ao protesto foram-se juntando várias vozes da freguesia, incluindo a junta local, à medida que iam tomando conhecimento do que se havia passado e que acabou por apanhar todos de surpresa.
“As pessoas decidiram concentrar-se para manifestar a sua revolta sobre este acto”, confirmou um dos habitantes locais, Fernando Pereira.
Mas as vozes discordantes chegaram mesmo às redes sociais e o Facebook foi o local de eleição para os aboinobrenses mostrarem o seu grande descontentamento. “É absolutamente inacreditável o que está a acontecer. Como é possível uma decisão tão infeliz sobre um património que tanto orgulhava os aboinobrenses?”, questiona um dos interveninentes no Facebook. Há muito que se sentia a necessidade de uma intervenção na igreja, sobretudo depois de terem sido constatados vários problemas de humidade.
Mas segundo os populares, o tipo de intervenção que está a ser efectuada não se coaduna com o projecto de recuperação patrimonial desejado pelos paroquianos. “Não estava certo nem correcto colocar cimento em cima da pedra”, lamentou Nelson Dias, outro dos habitantes da freguesia de Aboim da Nóbrega. “E não faz sentido, até porque se gastou uma pipa de massa para retirar o cimento da casa sacerdotal e agora ia colocar-se na igreja?”.
A Igreja Paroquial de Aboim da Nóbrega é um dos ex-líbris da vila. De estilo primordial românico e de arquitectura religiosa, chegou a servir de mosteiro para as freiras beneditinas, tendo pertencido à Ordem de Malta.
A traça primitiva acabou por ser alterada com o decorrer dos séculos, mas conserva, ainda, um dos mais ricos e artísticos tectos, constituído por 80 caixotões em talha dourada, com pinturas alusivas ao ‘magnificat’. Segundo o que o jornal ‘Correio do Minho’ conseguiu apurar, o responsável pela paróquia de Aboim da Nóbrega - o padre Henrique Ribeiro - encontra-se ausente, mas depois de ter sido contactado e informado sobre os acontecimentos referiu ter já dado indicações para a suspensão da obra, tendo inclusivamente agendado uma reunião com os paroquianos no final desta semana.As indicações para findar os trabalhos acabaram por ser da-das pelo próprio pároco à empresa de construção, que imediatamente começaram a executar o processo inverso, removendo todo o cimento colocado nas paredes graníticas da igreja.
Fonte Correio do Minho por Marta Caldeira
1 comentários:
De verdade se não visse as fotos nem acreditava. Não tem pés nem cabeça, e nem lembrava ao Diabo fazer tais obras.
Enviar um comentário