Vila Verde: Mãe biológica segue filho adoptado há três anos para todo o lado (Via Jornal i)



O filho de Ana Oliveira, 51 anos, e Erik Venderby, 67 anos, que nunca quis assumir a paternidade, vive desde Agosto de 2008, com os pais adoptivos em Vila Verde. O tribunal decretou a adopção alegando que a mãe biológica não tinha condições mentais para cuidar do filho, mas Ana tem esperança que uma revisão do processo, em Agosto deste ano, lhe possa trazer o filho de volta. Se isso não acontecer, garante que vai continuar a lutar. Já gastou mais de 50 mil euros entre advogados, detectives e tribunais e diz estar disposta a gastar todo o património que herdou de família para ter J. H. de volta. Há quase três anos que segue todos os passos do filho de sete anos em Braga.

"O meu filho está a viver em condições que não são as que merece, mas as que lhe foram impostas. Anda numa escola que não tem quase condições. Mora num sítio quase rural. Já apresentei queixa à Segurança Social de Braga, porque a casa está sempre com as persianas fechadas, faça chuva ou faça sol. Isso não é saudável e tenho a certeza de que ele não está a ser bem tratado", afirma.

Ana é economista e depois de uma longa temporada na Holanda regressou a Lisboa. A gravidez aconteceu quando Ana e Erik falavam numa vida em comum, mas tudo mudou rapidamente. Já quando estava grávida, o namorado decidiu ir viver para África do Sul. Três meses depois de J. H. nascer, em Dezembro de 2003, Ana leva o filho até Joanesburgo. Ao fim de um mês regressa a Portugal e resolve alugar o apartamento, onde vivia no Saldanha, e muda-se com o filho para casa da mãe em Carcavelos. "Ela vivia sozinha desde a morte do meu pai. Não estava bem. Para o bebé também era bom, porque tínhamos praia." Mas as coisas correram exactamente ao contrário e os dias transformaram-se num "inferno".

"A minha mãe criou um estigma contra mim, às vezes não me deixava amamentar nem entrar em casa, começava aos gritos. Fiquei muito assustada. Vim a descobrir que sofria de Alzheimer e fazia queixas à polícia de que eu lhe batia." A situação, segundo a economista, terá chamado a atenção da Segurança Social. Começa o Verão de 2004 e J. H. tinha já completado seis meses, mas não andava na creche. A pediatra Odília Nascimento recorda que "o bebé não tinha um ar alegre nem feliz", mas estava sempre bem tratado. "Do ponto de visto higiénico, alimentar e de vacinação ela cumpriu muito bem", descreve. A Comissão de Protecção de Menores de Cascais (CPMC), que acompanhou o caso desde o início, não deu qualquer esclarecimento sobre o processo - que é confidencial - garantindo apenas que foram seguidos os trâmites normais, "confirmados pelo Ministério Público e depois pelo Tribunal", que decidiu em prol da inibição dos direitos parentais e decretou a adopção, concluindo que Ana Oliveira sofria de uma esquizofrenia que a impedia de educar o filho em segurança. "Ela tem uma patologia psiquiátrica mas há muita gente com doenças psiquiátricas que consegue tratar dos filhos", continuou Odília Nascimento.

"Em Maio (2004) fui dar uma volta com o J. H. junto à praia, pensava que tinha as chaves do carro no bolso, mas não. Ele estava a dormir e não queria voltar para trás a correr com o carrinho. Por isso parei o carrinho e fui a correr buscar as chaves, mas estive sempre a olhar, claro. Quando voltei, estava o carro da polícia parado. Fizeram queixa à Comissão de Protecção de Menores e eu fui lá no dia 24 de Junho", recorda. Mais situações de alegada negligência foram descritas em tribunal. "Eu precisava de ajuda, apoio domiciliário, assistente social, mas não era tirarem-me o filho", diz.

Fonte Jornal i por Cláudia Garcia

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