
Uma mulher de 69 anos foi impedida de comungar, em Dossãos, Vila Verde, por ter a cabeça coberta. Estava a fazer quimioterapia, depois de lhe terem diagnosticado um cancro no peito e tinha perdido o cabelo.
A fé era a âncora de Laurinda da Costa Abreu. Mas o que se passou na missa do dia 15 de Fevereiro se não lhe retirou a devoção, arredou-a da oração no templo da freguesia de Dossãos, Vila Verde. Encontrava-se em convalescença de um processo doloroso e moroso, depois de lhe terem diagnosticado, em Julho de 2008, um cancro no peito.
"Na altura da comunhão dirigi-me pela igreja acima. Levava uma touca, porque a minha filha trouxe-me uma peruca da Suíça, mas não me dava com ela. Quando me aproximei, o padre disse para tirar a touca. Disse-lhe que não tirava porque tinha tido um cancro. Foi aí que me disse: 'retire-se e espere pelo fim'. Não ia sujeitar-me a uma humilhação daquelas e voltei para o meu lugar, onde fiquei até ao final da missa", conta, sem conter as lágrimas, Laurinda da Costa Abreu. Fiel à religião, não percebe como o padre pode negar-lhe a comunhão, "por uma doença que Deus deu". Em carta enviada ao arcebispo de Braga, Laurinda questiona D. Jorge Ortiga sobre se o padre "pode fazer estas tristes cenas na casa de Deus" e pede a intervenção superior, para que o padre peça desculpa, ante todos os fiéis da freguesia.
Mas não se resignou Laurinda e tratou de perguntar a padres de Vila Verde e Braga se haveria alguma lei católica que ditasse tal postura. "Que não", responderam-lhe os inquiridos, manifestando desacordo com a atitude do pároco. "Sabe Deus da minha mágoa e ainda ter de passar por tal humilhação. Quero que o senhor arcebispo saiba da situação, porque hoje em dia estas situações são frequentes e não se admite que um padre não tenha formação sobre o assunto", adianta Laurinda que lamenta a "cobardia dos demais fiéis que se encontravam na igreja que, ante o sucedido, nada fizeram. Todos se calaram."
De resto, a única a exteriorizar a revolta ante o sucedido foi uma familiar que se encontrava no coro e abandonou a igreja, mas Laurinda compreende, por se tratar de um meio pequeno. Fonte JN por Pedro Vila-Chã
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