Escariz S. Martinho: Bactéria hospitalar assusta população

Os habitantes da freguesia de Escariz S. Martinho, em Vila Verde, receiam pela sua saúde por causa de um vizinho acamado e isolado numa casa, portador da bactéria perigosa e resistente Acinetobacter Baumani. Quase ninguém o quer visitar por receio de contágio e até alguns dos familiares, entre os quais três crianças, que vivem contíguos, não se aproximam. A esposa e uma das noras são obrigadas a equipar-se com máscara, luvas e bata sempre que o vão medicar e alimentar num espaço sem as mínimas condições.

"As pessoas têm medo de visitá-lo e dizem que o meu sogro não devia estar em casa, por causa do contágio da bactéria", afirmou Lúcia Sousa, nora de José Silva, de 69 anos, doente com cancro na garganta. Para além disso, continuou, "não se percebe como é que ele recebeu alta do Instituto Português de Oncologia (IPO) do Porto, onde esteve internado e apanhou a bactéria".

A nora garante que o sogro vive num quarto sem as mínimas condições, onde nem sequer existe quarto de banho, como o DN pode confirmar. Nas portas contíguas vivem mais nove elementos da família, entre os quais três crianças. A mãe deles e filha do paciente, Maria Carminda Marques, garantiu não os deixar visitar o avô. "Tenho medo que se pegue e até eu olho de longe", afirmou.

Apesar dos avisos de Lúcia, a esposa de José, Deolinda Sousa, "não veste a bata e só tapa a cara com a máscara". Mas a nora assegurou que no Hospital da Santa Casa da Misericórdia de Vila Verde - onde o sogro esteve internado depois de ter tido alta no IPO -, a aconselharam "a estar pouco tempo com ele, ter cuidado com as crianças" e usar protecção individual.

Uma habitante da freguesia, que recusou identificar-se, confirmou que "as pessoas estão com medo que se pegue e, por isso, não o visitam". O delegado de Saúde Pública de Vila Verde, José Manuel Araújo, assegurou à RTP que a bactéria "não cria qualquer problema em termos de transmissão às pessoas". Mas Lúcia mostrou ao DN um documento hospitalar que aconselha a "medidas de isolamento inerentes a doentes com Acinetobacter Baumani".

Desde que, em Abril, diagnosticaram o cancro maligno na garganta a José, a família não tem tido descanso. Segundo a nora, ter sido "infectado com a bactéria no IPO", foi a gota de água. Sobretudo, porque, lamentou, o mandaram para casa, onde, alertou, não tem as mínimas condições. José foi internado no Hospital da Santa Casa da Misericórdia de Vila Verde, mas regressou à residência, porque "a família não podia suportar os 150 euros diários".

A 29 de Outubro, contou, no Instituto Português de Oncologia (IPO), do Porto "encaminharam-no para o Hospital de S. Marcos, em Braga, onde não o aceitaram".

Desde então, a família não sabe o que mais fazer para manter o paciente em condições dignas e a família em segurança. Fonte DN por Susana Pinheiro

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