Bispos revoltados
A Igreja Católica sente-se perplexa com a atitude do Ministério da Educação – ordenar a retirada de crucifixos das escolas públicas.
Os bispos admitem a tomada de posição pública para repudiar a iniciativa governamental, considerando que está a ser “desrespeitada a matriz cultural do povo português”.
Os bispos admitem a tomada de posição pública para repudiar a iniciativa governamental, considerando que está a ser “desrespeitada a matriz cultural do povo português”.
“Lamento e não compreendo as razões que possam motivar uma determinação tão grande em afastar todos os símbolos religiosos”, afirmou ontem ao CM o presidente da Conferência Episcopal Portuguesa, D. Jorge Ortiga, reagindo às ordens que as direcções regionais de Educação estão a enviar, por ofício, às escolas onde subsistam ainda crucifixos em salas de aula.
O Ministério da Educação justifica a iniciativa – despoletada por denúncias da Associação República e Laicidade – com o cumprimento das orientações consagradas na Constituição. No entanto, o bispo D. Jorge Ortiga questiona os fundamentos das justificações governamentais e a amplitude da medida, que considera violar a “matriz cristã do povo português”.
“A legislação consagra a autonomia pedagógica de cada escola, pelo que o Ministério da Educação também devia aceitar e avaliar o sentir de cada comunidade escolar e mesmo da sua envolvente cultural e social.” D. Ortiga remete uma tomada de posição oficial para a reunião dos bispos portugueses, que terá lugar a 13 de Dezembro.
PAIS CONTESTAM
As implicações da iniciativa do Ministério da Educação far-se-ão sentir, sobretudo, no Norte do País, onde estão mais enraizadas as tradições religiosas.
“Não se compreende que as crianças não possam perceber o ambiente em que nascem e crescem”, diz Manuel Matos, presidente da Junta de Freguesia de Sabariz, Vila Verde. “Se me solicitarem tal coisa, não faço tensão de cumprir.
”Como autarca em S. Vicente do Bico, Amares, “e pai”, Abílio Pereira sublinha que o símbolo do cristianismo “não exclui nem desvaloriza” qualquer pessoa de outra crença. “Também vão ser proibidas festas de Natal e representações bíblicas?”, pergunta. Isto porque, defende, são momentos que “têm um valor didáctico e até pedagógico de grande importância nesta região”.Anabela Garcês, de Vila Verde, diz-se uma mãe revoltada pela “estranha preocupação” do Governo. “A existência do crucifixo é pacífica. A proibição é que pode gerar conflitos.”
GOVERNO DIZ CUMPRIR A LEI
Fonte do gabinete da ministra da Educação garante que “não há qualquer orientação da tutela para retirar os crucifixos das escolas”, explicando que só se reagir a queixas.“Deve-se cumprir a lei e quando há alegações de que não está a ser cumprida, os serviços averiguam e age-se em conformidade, que é exactamente o que foi feito.”Para Luís Mateus, presidente da Associação República e Laicidade, esta foi “uma vitória do bom senso, o repor da legalidade”, mostrando-se “surpreendido com a surpresa da Igreja, pois a legislação tem 30 anos”. Fonte Correio da Manhã
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