Minho: Loiça de Parada de Gatim, Vila Verde faz parte integrante de Tese de doutoramento da UMinho que fala da decadência da olaria em Portugal


Uma tese de doutoramento defendida na Universidade do Minho teve como objeto de estudo os oleiros e olarias de loiça preta, contextualizando a sua produção e uso ao longo dos tempos.
A investigação levou Isabel Maria Fernandes, ex-diretora do Museu Alberto Sampaio / Paço dos Duques de Bragança, até ao século XII e os resultados têm proporcionado múltiplas interpretações.

Tudo começou no Museu da Olaria, em Barcelos - a loiça preta chamou a atenção da investigadora e o estudo ganhou forma em 1983, quando decidiu analisar a loiça de Parada de Gatim, Vila Verde. O trabalho de pesquisa recuou no tempo e analisou o ofício de oleiro nos últimos 800 anos, constatando que nos séculos XIX e XX se iniciou a decadência desta arte, substituído o barro por outras loiças e faianças.

Até ao século XVIII, a olaria era nobre e equiparada a uma atividade económica de famílias bem referenciadas, logo a seguir aos ourives, “com filhos padres ou advogados”, refere. Após isso, “já era atividade de famílias modestas, que se relacionavam entre si e onde a taxa de analfabetismo era muito elevada”, revela Isabel Maria Fernandes. A historiadora fez o levantament o dos 72 locais produtores de loiça preta - cuja coloração resulta do monóxido de carbono da cozedura em ambiente reduzido - existentes nos séculos XIX e XX, 'com predominância no Norte e Centro do país”, tendo percebido que “em muitos destes locais já não existia produção”.

Nas conclusões a historiadora destaca ainda que “as oficinas eram unidades familiares, em que toda a família colaborava”, o que condicionava toda a ambiência familiar, ao ponto de “até ao século XX os pais oleiros tentavam casar os filhos com gente da mesma arte”. O papel da mulher era determinante na produção da olaria, pois “competiam-lhe tarefas várias, para além de haver lugares em que a venda das peças cabia exclusivamente às mulheres”. O uso das peças traz algumas revelações importantes;  por exemplo, o percurso da “tigela multifunções, então usada para a cozinha, para reservatório, para guardar cereais e mesmo para cortar o cabelo, até à redução quase exclusiva do armazenamento na despensa, e no século XVIII já quase não ia à mesa”, estando aqui um forte indicador da perda de importância da olaria.

*** Nota da UMinho ***

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