Portugal: Como preparar C.V. para procurar emprego na era da imagem (C/ Vídeos - Via Jornal i)




As pessoas são generosas em Portugal no que toca a revelar a sua imagem a milhares de pessoas, a maior parte delas desconhecidas. Vejam-se as redes sociais, como o Facebook, que tem 2,3 milhões de utilizadores registados no país, onde todos os dias são colocadas milhares de fotografias ou vídeos do cão, do gato, das férias, da sogra a comer à mesa e até do estado etílico em que determinado santo popular nos deixou este ano. Conhaque é conhaque e serviço é serviço, e talvez por isso a maioria é mais tímida no que toca a recorrer ao vídeo como forma de apresentação profissional.

O vídeo-cv (curriculum vitae em vídeo) é uma ferramenta de recrutamento profissional que tem vindo a ganhar popularidade. Uma pesquisa no YouTube com as palavras "video cv" devolveu-nos mais de 45 mil resultados e uma pesquisa no Google com as mesmas palavras resultou em mais de 2 milhões de páginas relacionadas com o assunto. Só que quase nenhuma está escrita em português de Portugal.

Aprofundámos esta realidade junto das principais empresas de recrutamento de pessoal, e até junto de companhias nacionais de grande dimensão, e confirma-se que praticamente ninguém contactou com esta ferramenta. Isto pode constituir uma oportunidade para quem procura emprego, pois a originalidade na candidatura a um cargo profissional é uma boa forma de captar as atenções. E para as empresas o grande trunfo do vídeo-cv é precisamente a sua utilidade na pré-selecção de candidatos. Permite analisar a aparência, o discurso e a motivação. O reverso da medalha é que, segundo os críticos, a generalização do vídeo-cv poderá levar a excluir candidatos com base na etnia ou em deficiências físicas.

O administrador executivo da Egor, Amândio da Fonseca, não hesitou ao responder ao i: "Não é uma ferramenta importante para nós. Os nossos processos de candidatura passam por análise do currículo ou por entrevista pessoal." O gestor daquela empresa de recrutamento diz mesmo que o vídeo-cv "é mais uma originalidade que uma prática em relação à qual se poderão avaliar resultados".

Opinião contrária tem Conceição Pereira, da Randstad. A gestora de área de negócio daquela empresa de recrutamento e trabalho temporário concorda que o vídeo-cv não é prática usual nos processos de candidatura. No entanto, encontra-lhe vantagens: "Permite ao consultor avaliar competências como a criatividade, a capacidade de comunicação e de expressão num estádio preliminar do processo, sendo valorizada em funções onde estas competências sejam críticas para o perfil que se pretende seleccionar." Ou seja, o vídeo-cv não substitui o CV em papel, mas permite-lhe piscar o olho a um futuro patrão desconhecido.

Olhando para dois grandes empregadores nacionais, a EDP e a Galp Energia, o contacto com o vídeo-cv também não é frequente. Fonte oficial da eléctrica portuguesa, que opera em 13 países e que só em Portugal recebeu 20 mil candidaturas em 2010 (das quais resultaram 695 novos colaboradores), informou que o grupo criou uma ferramenta digital de recrutamento para tanta oferta de trabalhadores, alojada no site da EDP e que não permite o envio de anexos de vídeo. Apenas preenchendo o formulário on-line é possível passar no crivo do recrutamento da EDP. Quanto à Galp Energia, que emprega cerca de 7 mil pessoas, o porta-voz da empresa admitiu ao i que "a Galp nunca teve contacto com esta ferramenta".


Dicas para criar vídeo-cv:



Exemplo dum vídeo-cv:




Fonte Jornal i por Ricardo Paz Barroso

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