Os prisioneiros sérvios até se sentiriam razoavelmente bem tratados: davam-lhes comida e deixavam-nos descansar. Mas depois, quando o negócio estava apalavrado, e as clínicas preparadas, eram levados para centros de detenção na Albânia, onde eram mortos com uma bala na cabeça e lhes eram extraídos órgãos, principalmente rins.
O requinte de malvadez do processo de tráfico de órgãos – a que, segundo um relatório do Conselho da Europa, divulgado esta semana, em 1999 e 2000 se dedicaram independentistas kosovares liderados pelo actual primeiro-ministro, Hashim Thaçi – foi descrito pelo diário El País. Os rins, extraídos em centros de detenção na Albânia, eram vendidos a clínicas estrangeiras. A prática pode ter relação com um caso de tráfico de órgãos que esta semana começou a ser julgado em Pristina.
A missão da União Europeia no Kosovo anunciou que vai investigar as alegações do relatório, que se refere ao actual primeiro-ministro, Hashim Thaçi, como “o patrão” de um grupo albanês de “tipo mafioso”, que, em plena luta conta a Sérvia, se dedicava ao tráfico de órgãos humanos, drogas e armas. Ao agora chefe do Governo é atribuído o assassinato de opositores e o “controlo violento” do comércio de “heroína e outros narcóticos” na região, ao longo da última década.
“Vamos examinar o relatório cuidadosamente”, disse Andy Sparkes, director adjunto da Eulex, Missão Europeia de Polícia e Justiça no Kosovo, citado pela Reuters. A Comissão Europeia, através do gabinete da alta-representante para a Política Externa, Catherine Ashton, convidou o autor do relatório, o senador suíço Dick Marty, a enviar as provas de que dispõe à Eulex. “Tomamos as alegações muito a sério. Se o relator tem provas, pedimos-lhe que as faça chegar às autoridades correspondentes”, disse a porta-voz Maja Kocijancike.
Dick Marty pretende que o seu relatório, adoptado quinta-feira pela Assembleia Parlamentar do Conselho da Europa, desencadeie uma “dinâmica de verdade”. “Penso que temos informação suficiente para justificar uma investigação aprofundada”, disse. Mas o antigo procurador tem consciência das dificuldades em levar por diante um inquérito independente, uma vez que nem o Tribunal Penal para a ex-Jugoslávia, nem a Eulex têm competência para crimes cometidos na Albânia.
Hashim Thaçi, hoje líder do Partido Democrático do Kosovo (PDK), vencedor das eleições de domingo passado, considerou o relatório “difamatório” e “cheio de elementos fabricados e de mentiras que não fazem mais do que reciclar velha propaganda”. O objectivo, disse numa declaração citada pela AFP, seria “denegrir o UÇK [Exército de Libertação do Kosovo] e a independência”. Fonte oficial do seu executivo disse à AP que o antigo guerrilheiro contactou advogados com intenção de processar Marty e o diário britânico The Guardian, que na terça-feira revelou em primeira mão aspectos do relatório.
Pedidas novas investigações
Apesar da gravidade, as acusações contra o chefe do Governo não são novas. A antiga procuradora do Tribunal Penal Internacional Carla del Ponte saudou o relatório e lembrou que também ela denunciou o tráfico de órgãos de quase três centenas de prisioneiros num livro de 2008. Foram, de resto, as informações publicadas pela actual embaixadora da Suíça na Argentina que deram origem à investigação agora divulgada. “O que se passou no Kosovo e no Norte da Albânia é tão horrível que é necessário um inquérito aprofundado, disse ao jornal helvético de língua alemã Tages-Anzeiger.
Um apelo para que sejam clarificadas as alegações de tráfico de órgãos humanos foi também feito pelas autoridades suíças à União Europeia. “Este relatório contém graves alegações com base em numerosos testemunhos e provas”, refere um comunicado do Ministério dos Negócios Estrangeiros.
O procurador sérvio para os crimes de guerra, Vladimir Vuckcevic, que há três anos tem em curso o seu próprio inquérito, disse que o número de vítimas de extracção de órgãos ascenderá a 500: 400 sérvios e cem outros não albaneses do Kosovo.
O requinte de malvadez do processo de tráfico de órgãos – a que, segundo um relatório do Conselho da Europa, divulgado esta semana, em 1999 e 2000 se dedicaram independentistas kosovares liderados pelo actual primeiro-ministro, Hashim Thaçi – foi descrito pelo diário El País. Os rins, extraídos em centros de detenção na Albânia, eram vendidos a clínicas estrangeiras. A prática pode ter relação com um caso de tráfico de órgãos que esta semana começou a ser julgado em Pristina.
A missão da União Europeia no Kosovo anunciou que vai investigar as alegações do relatório, que se refere ao actual primeiro-ministro, Hashim Thaçi, como “o patrão” de um grupo albanês de “tipo mafioso”, que, em plena luta conta a Sérvia, se dedicava ao tráfico de órgãos humanos, drogas e armas. Ao agora chefe do Governo é atribuído o assassinato de opositores e o “controlo violento” do comércio de “heroína e outros narcóticos” na região, ao longo da última década.
“Vamos examinar o relatório cuidadosamente”, disse Andy Sparkes, director adjunto da Eulex, Missão Europeia de Polícia e Justiça no Kosovo, citado pela Reuters. A Comissão Europeia, através do gabinete da alta-representante para a Política Externa, Catherine Ashton, convidou o autor do relatório, o senador suíço Dick Marty, a enviar as provas de que dispõe à Eulex. “Tomamos as alegações muito a sério. Se o relator tem provas, pedimos-lhe que as faça chegar às autoridades correspondentes”, disse a porta-voz Maja Kocijancike.
Dick Marty pretende que o seu relatório, adoptado quinta-feira pela Assembleia Parlamentar do Conselho da Europa, desencadeie uma “dinâmica de verdade”. “Penso que temos informação suficiente para justificar uma investigação aprofundada”, disse. Mas o antigo procurador tem consciência das dificuldades em levar por diante um inquérito independente, uma vez que nem o Tribunal Penal para a ex-Jugoslávia, nem a Eulex têm competência para crimes cometidos na Albânia.
Hashim Thaçi, hoje líder do Partido Democrático do Kosovo (PDK), vencedor das eleições de domingo passado, considerou o relatório “difamatório” e “cheio de elementos fabricados e de mentiras que não fazem mais do que reciclar velha propaganda”. O objectivo, disse numa declaração citada pela AFP, seria “denegrir o UÇK [Exército de Libertação do Kosovo] e a independência”. Fonte oficial do seu executivo disse à AP que o antigo guerrilheiro contactou advogados com intenção de processar Marty e o diário britânico The Guardian, que na terça-feira revelou em primeira mão aspectos do relatório.
Pedidas novas investigações
Apesar da gravidade, as acusações contra o chefe do Governo não são novas. A antiga procuradora do Tribunal Penal Internacional Carla del Ponte saudou o relatório e lembrou que também ela denunciou o tráfico de órgãos de quase três centenas de prisioneiros num livro de 2008. Foram, de resto, as informações publicadas pela actual embaixadora da Suíça na Argentina que deram origem à investigação agora divulgada. “O que se passou no Kosovo e no Norte da Albânia é tão horrível que é necessário um inquérito aprofundado, disse ao jornal helvético de língua alemã Tages-Anzeiger.
Um apelo para que sejam clarificadas as alegações de tráfico de órgãos humanos foi também feito pelas autoridades suíças à União Europeia. “Este relatório contém graves alegações com base em numerosos testemunhos e provas”, refere um comunicado do Ministério dos Negócios Estrangeiros.
O procurador sérvio para os crimes de guerra, Vladimir Vuckcevic, que há três anos tem em curso o seu próprio inquérito, disse que o número de vítimas de extracção de órgãos ascenderá a 500: 400 sérvios e cem outros não albaneses do Kosovo.
Fonte Jornal Público por João Manuel Rocha
Fonte Imagem por © Lucas Moreira
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