Vila Verde: Parquímetros desertificam centro da vila



Uma guerra à vista entre os comerciantes e os moradores de Vila Verde e a Câmara local. A culpa é da introdução do estacionamento pago no centro da vila que está a provocar, lentamente, a sua desertificação.

Em dois meses, os comerciantes viram os seus rendimentos diminuir 30%; os moradores temem o aumento da criminalidade. Um passeio a pé pelo centro de Vila Verde mostra a realidade, nua e crua. Onde antes havia carros estacionados, há agora lugares vazios e pouco utilizados. A introdução de parquímetros desde o final do mês de Abril transformou, completamente, o casco urbano de Vila Verde: "isto está um verdadeiro deserto. As pessoas dizem-me que já não vêm aqui tomar café porque não compensa". Os rendimentos descerem 30% em dois meses: "para quem tem que pagar tudo, incluindo a renda do seu espaço comercial, não se vai safar", diz o dono de um estabelecimento de restauração que mostra a sua indignação quando acrescenta: "as pessoas vão todas para os dois hipermercados porque lá o estacionamento é grátis". Há mesmo pessoas que trabalham no centro que estão a deixar os carros nestes locais.

Os comerciantes ouvidos pelo JN dizem que, nunca foram ouvidos por causa desta questão: "a única convocatória que recebemos foi para uma reunião quando tudo já está decidido. No fundo, foi para nos dizerem o que se ia passar". A revolta dos comerciantes estende-se aos moradores. "Todos os meses pagamos 20 euros para termos um estacionamento e mais 20 euros anuais pelo cartão e não é um lugar cativo". Ora para quem paga empréstimo, condomínio e outros, "isto é mais uma despesa". Os habitantes temem o aumento da violência e da criminalidade porque "agora, vê-se pouca gente nas ruas" e porque "não há reforço de policiamento há muito".

Os proprietários de lojas e espaços comerciais juntam a sua voz às críticas: "eu nunca tive problemas para receber as rendas. Curiosamente, desde há dois meses a esta parte, está difícil a cobrança. Se tivermos em conta que a única coisa relevante que aconteceu foi a instalação de parquímetros, para mim, está tudo explicado". O mais curioso é que até os comerciantes que, no início, estavam a favor desta medida, são agora os mais críticos: "estamos a pensar em avançar com um abaixo-assinado contra os parquímetros", diz um comerciante que achava "que isto iria trazer outra dinâmica. Nunca pensei é que fosse uma dinâmica estática!".

A postura dos cinco elementos que a empresa municipal "Proviver", entidade que gera e rentabiliza o estacionamento pago, contratou para fiscalizar, merece duras críticas por parte de todos: "já chegaram a multar por um carro estar a descarregar. Queriam que se colocasse moedas só por dois minutos", isto é, nem descargas os comerciantes podem fazer. Se se tiver em conta que a única rua, para já, sem parquímetros (Luís de Camões) fica nas periferias, "vamos voltar aos carrinhos de mão", ironiza outro comerciante.

"O estacionamento pela vila toda é um exagero", diz outro dos interlocutores que até "percebia se os parquímetros estivessem concentrados nos locais onde há entidades públicas". A câmara está a construir um novo parque subterrâneo: "se isto à superfície é assim, o parque vai ficar às moscas". Todos os comerciantes são unânimes: "o pagamento é ridículo em Vila Verde porque a densidade automóvel não se compara com grandes cidades onde isso faz mais sentido e é até aconselhável".

A Associação Comercial de Braga foi uma das interlocutoras da autarquia neste processo. Apesar, de não haver ninguém disponível, em tempo útil para prestar mais esclarecimentos, o JN sabe que, à partida, a ACB é favorável à instalação de mecanismos deste tipo. Fonte JN por Pedro Antunes Pereira

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