O deputado comunista, Agostinho Lopes, interpelou a Assembleia da República sobre os "graves acontecimentos e respectivos procedimentos policiais" relativos ao acto de racismo vivido, em Braga, pela guineense Djariatú Mané e o filho de três anos, a que o JN deu eco no passado dia 21. O político pediu à tutela um "cabal esclarecimento", já que considera a reacção da PSP local ao sucedido "manifestamente insuficiente".
Recorde-se que a cidadã estava, no dia 28 de Setembro, num parque infantil da cidade, quando um casal obrigou o pequeno Rui a desocupar o baloiço, atirando-o ao chão e ferindo-o, apenas porque queria o lugar para o próprio filho. Seguiram-se considerações racistas e tentativas de agressão por parte do pai da outra criança e, posteriormente, insultos da mãe e da avó.
À chegada da PSP, a guineense recordou que, apesar de agarrado pelos agentes, o alegado agressor tentou soltar-se, insistindo que era militar "e não podia ser preso".
Segundo conta a vítima, não foi pedida a identificação dos envolvidos, pelo que a alternativa foi chamar a mãe e o irmão para a ajudarem a consegui-lo. Seguiu-se um episódio idêntico, pelo que a PSP foi outra vez chamada e, só então, terá feito o registo de dados. Quando Djariatú quis formalizar a queixa, já no balcão da PSP, ter-lhe-à sido dito que os nomes dos agressores não estavam no registo, nem estaria presente o agente na posse do relatório dos factos, pelo que lhe terá sido pedido para aguardar em casa. Só 18 silenciosos dias depois, quando decidiu voltar à esquadra, é que a queixa se formalizou.
Por considerar que os esclarecimentos, entretanto prestados pela PSP, não satisfazem a actuação perante um crime punível, e nem fazem menção a um "eventual crime de teor racista", o deputado solicita o apuramento exaustivo dos factos, sobretudo no que toca à existência de duas ocorrências. "Face à gravidade de configuração do presumível crime de agressão racista, não consideraram os agentes a pronta identificação de todos os intervenientes e outras anotações que permitissem o total esclarecimento do sucedido?", questiona o deputado. Fonte JN por Denisa Sousa
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