Gomide: Voluntários da Habitat constroem casas (Via Correio do Minho)



Não há mãos que cheguem para tudo quanto se quer fazer, quando se é voluntário por vocação. Estas mãos estão sempre presentes, sempre que é necessário atender aos mais necessitados. Os jovens voluntários da Associação Humanitária Habitat - Habitat for Humanity Portugal, uma organização cristã sem fins lucrativos dedicada à eliminação da pobreza habitacional - são disso exemplo. São jovens e menos jovens que não têm hesitado, nos últimos anos, em ‘dar a sua mãozinha’ na construção e melhoria de habitações de famílias carenciadas do Minho.

Desde que a Habitat arrancou a sua actividade, em 1996, já foram cerca de quatro dezenas as famílias da região que viram as suas casas melhoradas ou tiveram a oportunidade de entrar para uma nova habitação, ficando apenas a pagar mensalmente uma baixa quantia durante um período mais alargado do que o normalmente concedido por uma instituição bancária.
Actualmente é em Gomide, Vila Verde, que os jovens voluntários da Habitat, vindos de vários países, estão ‘de pedra e cal’, a construir uma nova casa para a família Gonçalves.

E foi a meio de uma jornada de trabalho árduo que a equipa de reportagem do jornal ‘Correio do Minho’ os foi encontrar, numa alegria de ajuda ao próximo contagiante.
“Este é já o terceiro projecto que levamos a cabo aqui no concelho de Vila Verde. O primeiro foi em Vilarinho, depois ajudámos outra família em Gondiães e agora aqui em Gomide”, apontou João Cruz, coordenador do Voluntariado da Habitat, que referiu, para além do preciso trabalho dos voluntários, o importante apoio ao nível de matérias-primas por parte da Câmara Municipal de Vila Verde e de uma série de empresas da área da construção civil e outras, desde a DST, Lilly Portugal, Montepio Geral, KPMG, MZ Consultores, entre outras.

“Infelizmente temos o conhecimento de que há, ainda, muitas famílias cujas casas não têm condições de habitabilidade ao nível do concelho de Vila Verde”, informou o responsável, acrescentando que este é um cenário que se repete, também, nos concelhos de Amares e de Braga - “onde continua a existir muita carência habitacional”.
“No caso desta família que agora estamos a ajudar em Gomide, foi a própria autarquia que nos fez chegar a situação, mas também temos muitas famílias que vão directamente à Habitat pedir ajuda”, explicou João Cruz - mas estas situações também acabam por chegar à associação através de associações, centros sociais e das igrejas locais.

“Estes voluntários quando vêm participar com a sua ajuda nestes projectos de habitação vêm sempre com um coração enorme. E não vêm só do estrangeiro. Há também muitos que participam no que concerne ao voluntariado nacional”.
“Este é um apoio importantíssimo para a execução do nosso trabalho. Estes voluntários pagam as suas viagens e alojamento do seu próprio bolso e, no final, ainda nos deixam um donativo para que possamos comprar os materiais que nos fazem falta para conseguirmos finalizar o projecto a que nos propusemos”.

Família Gonçalves vai ter habitação nova

“Todos têm direito, para si e para a sua família, a uma habitação de dimensão adequada, em condições de higiene e conforto e que preserve a intimidade pessoal e a privacidade familiar”.
Assim reza o

artigo 65º, Habitação e Urbanismo da Constituição da República Portuguesa, como forma de ‘legislar’ que qualquer cidadão tenha uma habitação condigna.

E é com este mesmo objectivo, que nestes casos serve de lema, que a Associação Humanitária Habitat leva, agora, a cabo a construção de uma nova casa para a família Gonçalves.
“Esta é uma família com quatro elementos, sendo que um destes elementos, a Cláudia tem paralisia cerebral e movimenta-se numa cadeira de rodas. A residência actual dos Gonçalves não apresenta condições mínimas de habitabilidade, tendo apenas cerca de 40m², com duas divisões extremamente reduzidas. Numa divisão encontra-se a cozinha, junto da casa de banho, sem base de chuveiro ou banheira, e na outra o quarto que é partilhado pelos quatro elementos”, detalhou João Cruz, coordenador do programa de Voluntariado da Habitat.

O projecto inicia em Setembro de 2010, depois de no mês de Fevereiro, uma vizinha da família ter doado uma parcela de terreno à família. Um pedaço de terra que lhes vai permitir, desta forma, concretizar o sonho de finalmente ter uma casa como deve ser - o que deverá acontecer até ao final do próximo mês de Junho.
Mas os apoios da comunidade não quedam por aqui. O Agrupamento de Escolas de Vila Verde vai integrar, também, esta equipa, através do lançamento de uma campanha de solidariedade, com a finalidade de angariar fundos monetários para ajudar a família Gonçalves a erguer aquele que será brevemente o seu novo lar.

Mais de 600 mãos amigas ajudam na construção


Mais de 600 mãos de voluntários amigos irão apoiar a construção da nova habitação da família Gonçalves com o ‘seu suor’, trabalhando arduamente até à sua finalização. Sofia Lages, brasileira de 17 anos, e Marta Gonzales, espanhola de 17 anos, são dois dos rostos das três centenas de voluntários que ajudaram a erguer a casa em Gomide, Vila Verde.
“Estou a estudar numa escola americana em Lugano, na Suiça, onde estou a fazer um intercâmbio por seis meses e onde temos que escolher um grupo de ajuda humanitária para participarmos num dos seus projectos”, explicou Sofia Lages, mostrando-se contente por usar o capacete de segurança na obra.

“Eu escolhi a Habitat for Humanity e cá estou a trabalhar na construção desta casa durante uma semana”, indicou. “Escolhi este projecto porque acho muito bom ajudar uma família que precisa e nós, no fundo, também a ajudamos a ela querer conquistar esta casa”.
“Na realidade eu nunca me tinha imaginado sequer a fazer este tipo de trabalho, porque é duro, mas é também uma experiência única”, comentou a voluntária brasileira, sublinhando, por outro lado, “que a parte interior do país é linda com as montanhas a dominar as paisagens”.

Foi, também, através da sua escola que a espanhola Marta Gonzalez tomou conhecimento desta iniciativa de voluntariado, tendo aderido desde logo.
“Este projecto é, também, uma forma de nós darmos aquilo que temos de melhor e também para aprender que há muita gente que vive com muitas dificuldades. Assim podemos ajudá-las. É algo construtivo também na nossa vida”, disse a voluntária.
“Há poucas pessoas que podem ter esta experiência, que custa, mas que vale muito a pena”, destacou, animada.

Fonte Correio do Minho por Marta Caldeira

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